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quarta-feira, 2 de maio de 2018

Tio Aldo


O nome Aldo, The Band já tinha aparecido em algum momento na tela do meu note, mas se eu ouvi o grupo paulistano de 2013 (quando lançaram o primeiro disco, Is Love) pra cá, devo ter escolhido a(s) faixa(s) errada(s), porque passou batido. Pensei que deveria ter, entretanto, um bom motivo pro Radiohead em pessoa (haha) escolher o Aldo pra abrir seus shows recentemente aqui no Brasil (junto com Junun e Flying Lotus) e isso acabou reativando meu interesse/curiosidade. Pesquisa aqui, baixa ali e o saldo é positivo. As faixas detestáveis ("Hold Me Back, Insane") estão em número menor, comparando com as adoráveis, como "Unbreakable", "Liquid Metal" e essa "Trembling Eyelids" - single lançado dia 20 de Abril que fará parte do terceiro álbum do grupo. Com slapadas de baixo, synths trôpegos, vocais sonolentos (no bom sentido) e batida hipnótica, "Trembling Eyelids" é uma ótima canção. E o Aldo, pode ficar tranquilamente na mesma prateleira de CDs (ou na mesma pasta de arquivos) de Holy Ghost!, The Rapture e Jagwar Ma, sem nenhum complexo de inferioridade. Muito pelo contrário.

"Trembling Eyelids": consolidação ou promessa? 

domingo, 29 de abril de 2018

As Flores de Plástico Não Morrem


Depois do álbum de estreia autointitulado de 2016 (que trouxe boas canções como "Charlemagne") ter chegado ao número um no paradão inglês (o que não quer dizer muita coisa, porque o disco teve uma das vendagens mais baixas da história para um primeiro lugar por lá), o Blossoms acaba de lançar Cool Like You, o segundo disco. Indie rock carregado de sintetizadores oitentistas e refrãos que parecem ter sido esculpidos na medida para grandes arenas, Cool Like You não arreda pé um milímetro da proposta inicial do grupo formado há pouco mais de cinco anos em Stockport, na Grande Manchester. Com um bom vocalista (Tom Ogden) na linha de frente, de novo com músicas bem feitinhas (nada no disco chega perto da maravilha "I Can't Stand It") e a despeito da total falta de ousadia e originalidade, o Blossoms lembra o Killers no ápice (que durou exatamente um álbum, Hot Fuss, de 2004) nos melhores momentos. Nos piores, lembra todo o resto da discografia do Killers.

"I Can't Stand It": os melhores três minutos da semana.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Melhores de 2017 - Músicas


Minha lista de músicas preferidas de 2017 é composta por dez faixas bem distintas entre si. O ponto aqui não é se uma música é melhor que a outra; a ordem da listagem diz respeito somente ao que eu mais gostei, simples assim. Os títulos que estão em vermelho levam pro post da canção. Tem pop, drum'n'bass, R&B, synthpop, funk, indie... mas todas com pelo menos um dos três ingredientes em sua receita: são dançáveis, tem groove ou tem algum elemento forte de eletrônica. Exatamente do que o blog trata. Eis:

1) "Holding On" > The War On Drugs



2) "Havana" > Camila Cabello



4) "The Mirrored River" > Goldie



10) "Pop Voodoo" > Black Grape

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

The Phoenix Alive


Delícia pop do dia é o duo francês Ninety's Story e sua "Kikuyu", extraída do EP homônimo lançado no final do ano passado (o segundo da banda). O electropop urdido pelo Ninety's assemelha-se ao indie francês brisado e dançante de gente como Phoenix e Tahiti 80, mas tem brilho próprio, como prova a própria "Kikuyu" e as outras três faixas do EP ("Don't Mind Me", "I Want Your Love" e "Two Steps From the Sun"). Olho neles.

"Kikuyu": pra deixar no repeat.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

More Trumpet!


Começa a tomar forma o novo álbum dos californianos do Capital Cities. Em Setembro do ano passado rolou o bom single "Vowels" e há poucos dias os barbudos soltaram o EP Swimming Pool Summer, com quatro faixas zeradinhas e um remix. A faixa título tem tudo pra emparelhar com a excelente "Safe And Sound", de 2012 - até agora, o maior hit de Ryan Merchant e Sebu Simonian. "Swimming Pool Summer" repete o trompetinho característico do som do duo que pontua a bela melodia e a gostosa levada de violões e guitarras da canção. "Drop Everything" tem mais cara de EDM rasteira, mas os bons vocais da dupla e o trompete (ele de novo) provam que bate um coração electropop atrás da pilha de sintetizadores. Em "Drifting", a guitarrinha funky e as intrincadas harmonias vocais garantem um ponto a mais para o EP, enquanto que nem o vacilão Rick Ross consegue estragar a boa "Girl Friday". Por fim, um remix totalmente dispensável de "Swimming Pool Summer" (THCSRS Remix), que lima o trompete e o som de caixa da bateria e deixa a coisa toda meio cambaleante. Saldo final: meio synthpop e meio indie, o Capital Cities se destaca da manada pelo pop eletrônico bem feitinho, dançável e delicioso de ouvir. Eu aposto que voa alto, de novo.



"Swimming Pool Summer": esmero pop.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Cutting The Air


Saiu no último fim de semana a nova dos australianos do Cut Copy, "Airborne". Pra você (como eu) que ficou mal acostumado com o alto nível do (synth)pop urdido pelo quarteto na boa estreia Bright Like Neon Love (2004) e, especialmente, no ótimo In Ghost Colours (2008) e viu a coisa flopar nos três álbuns seguintes, tenho que dizer que se "Airborne" ainda não lembra - nem de longe - aquele Cut Copy, ao menos é melhor que qualquer coisa que eles lançaram de 2011 pra cá. Guitarrinha funkeada com um baixo todo trabalhado no talento e vocais indie-verãozinho bem apreciáveis. Alentador.

"Airborne": mais uma tentativa.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Novidades do Futuro


Se você perdeu o álbum mais recente do Future Islands (Singles, 2014), é uma boa hora de conhecê-lo, já que o trio de Baltimore está prestes a lançar seu quinto de inéditas The Far Field dia 07 de Abril e é uma excelente introdução ao som da banda. Antecedendo o novo disco, dois singles já deram uma amostra do que está por vir, "Ran" e "Cave". A boa notícia é que o grupo não mudou nada na sonoridade mezzo tecladeira synthpop mezzo baixões post-punk, com bateria orgânica e refrãos vigorosos entoados apaixonada e visceralmente pelo vocalista Samuel Herring. Mais oito faixas nesse nível e já tenho um sério candidato a disco do ano.

"Ran":



"Cave":

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Melhores de 2016 - Discos (#01: Trentemøller)


"Eu simplesmente amo a ideia de que você pode construir este mundo imaginário com música. Para mim, a música é ficção. Não é apenas algo que existe separadamente da realidade. A ficção é a realidade irreal. Ambos se pertencem e são um só. Eu acho que a ficção e a música podem ser usadas para confrontar e criticar a realidade, mas também para escapar dessa mesma realidade. E essa é a beleza disso."

Assim o produtor dinamarquês Anders Trentemøller definiu Fixion, quarto álbum de sua carreira iniciada há pouco mais de dez anos com o impressionante debut The Last Resort, de 2006. Se na sua estreia Trentemøller já exibia uma paleta de cores granulado-escurecidas espalhadas pelo seu downtempo minimal, em Fixion a monocromia toma conta das telas. O darkismo à que o autor submete suas composições revela um elo perdido entre Faith, do The Cure (1981) e o último álbum do Röyksopp, The Inevitable End, de 2014 (que a cantora Robyn sentenciou como "triste, mas não frio"). Fixion, porém, é tudo isso. Triste, frio, nublado, denso. Ondas geladas de sintetizadores castigam canções como a abertura "One Eye Open" (emoldurando os ótimos vocais da também dinamarquesa Marie Fisker); andando lado a lado com os tons menores da guitarra em "Never Fade" e finalmente surgindo ameaçadores na angustiante "Sinus". No ótimo single "River In Me" (com vocais de Jehnny Beth, do Savages), baixo e bateriam duelam entre si enquanto os teclados aparecem mais discretos com um riff de sopro encaixando-se na melodia, mas o estado de ansiedade criado pelos synths volta com força na faixa seguinte, a lúgubre "Phoenicia". O clima de isolamento, intenso e pessoal, ronda a maioria do disco e atinge níveis de beleza e encantamento sublimes, em faixas como a instrumental e hipnótica "November" e a etérea "Where The Shadows Fall". A sufocante "Spinning" (mais uma vez com vocais de Marie Fisker - que sugerem uma Elizabeth Fraser nórdica) aumenta a sensação de afastamento; resultado duplicado pela percussão eletrônica lenta e ritualesca e a profusão de timbres de tonalidade cinzenta dos sintetizadores - os mesmos que acompanham Jehnny Beth no pós-punk "Complicated", sua última aparição no álbum.

Fixion é um disco de eletrônica visceral aparentemente menos complexo musicalmente que seus lançamentos anteriores, mas que, por outro lado, facilitam a vida de Trentemøller no palco - e isso tem se mostrado extremamente positivo em sua turnê recente, com shows lotados pela Europa - em que reproduzir o rock gótico imaginado e concebido pelo produtor no álbum torna-se uma tarefa menos árdua e mais natural. Fixion, o disco e a tour, são vencedores. E evidenciam que Trentemøller, entregue sem medo à experimentação e simultaneamente ao tino pop, é um dos grandes músicos/produtores da atualidade. 

sábado, 14 de janeiro de 2017

Boa Noite, Tristeza


Nunca gostei do trio londrino The xx. A mim sempre pareceu uma banda de vocais sonolentos, arranhões de palheta nas seis cordas, bateria eletrônica de bolso, sintetizadores na linha meu-primeiro-Roland-Juno-6-vintage-comprado-no-eBay e letras sobre o universo em desencanto das relações adolescentes. Tudo embalado num pacotão indie lo-fi, pretensamente de som simples e postura blasé, mas que parece ter cada movimento estudado à exaustão pra captar a audiência numa atitude "adotem-nos, somos legais" que eu sempre quis distância.

Pois bem, eles acabaram de lançar disco novo, I See You. E eu achei incrível.
Incrivelmente chato. Foi triste atravessar as dez faixas em seus longuíssimos 40 minutos. Não foi com esse álbum que mudei de opinião.

Boa noite, ÉcsÉcs.

"Hold On": só aguentei até dois minutos e meio.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Captain Hooky

Não é dance, não é eletrônico, mas tem Peter Hook no novo single do duo francês de garage rock The Limiñanas. Já basta pra aparecer aqui no blog. Hooky solta suas palhetadas lânguidas de baixo em meio a na-na-nas viajandões e sininhos psicodélicos - nada muito animador, mas é sempre bom ouvir esse som peculiar das quatro cordas grossas tocadas na altura do joelho pelo ex-baixista do New Order.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Kamp Nou


Bom saber que os poloneses do Kamp! melhoraram bastante desde a última vez que os ouvi, em 2012. Seu EP mais recente, Baltimore (saiu no final de Agosto), privilegia os quadris com um synthpop baleárico de vocais sonolentos e levadas disco. A faixa título exemplifica a descrição, embora a ótima "Parallels" (com sua bateria pesada e baixo irresistível), seja a melhor faixa do disquinho. Evolução a olhos vistos.

Uma geral em Baltimore EP: futuro promissor.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Idiossincrasia Coletiva


A mais recente compilação da série Late Night Tales saiu no meio de Setembro e traz a curadoria dos escoceses do Franz Ferdinand. O ecletismo da seleção era esperado - já que inclui faixas sugeridas pelos quatro membros da banda - mas o negócio ficou tão diversificado que tem indie, funk, krautrock, northern soul, reggae, ambient e outros rótulos que só dificultam a nossa vida. A despeito da disparidade, o disco é sensacional.

Vários nomes que gostei, mas nunca tinha ouvido falar: o folk lindo de R. Stevie Moore ("I'm Only Sleeping"), a psicodelia easy listening do The West Coast Pop Art Experimental Band ("Eighteen Is Over The Hill"), o indie de vocais falados da obscuridade Life Without Buildings ("New Town") e a melhor do pacote: o impressionante soul de Carrie Cleveland, "Love Will Set You Free".



Aí, dos medalhões temos o kraut do Can, estranhamente digerível em "Connection", o groove cabeçudo de Ian Dury ("Reasons To Be Cheerful Part 3"), o funk eletrônico do Zapp ("More Bounce To The Ounce"), o reggae envenenado "Disco Devil" (do bruxo Lee "Scratch" Perry), o manifesto anti-drogas (brilhantemente musicado) "King Heroin", de James Brown e a desolação futurista do Boards Of Canada, na gélida "Reach For The Dead". Rola até Paul McCartney e Serge Gainsbourg. Não dá pra se queixar de falta de diversidade. As escolhas do Franz Ferdinand formam o melhor volume do Late Night Tales, de todos que ouvi até agora: abrangente, de bom gosto e altamente didático.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Wild Beasts


A melhor música do quarto álbum do quarteto inglês Wild Beasts (o bom e bastante elogiado Present Tense, que saiu em Fevereiro) acaba de ganhar vídeo. "Mecca" está programada pra sair como single oficialmente em 04 de Agosto e é uma bela amostra do indie rock/synthpop habilmente urdido pela banda. Atenção ao ótimo falsete do vocalista e multi instrumentista Hayden Thorpe. Qualquer semelhança com o Coldplay não é bem vinda. 

"Mecca": pode chamar de indietrônica? 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Patrícios


Os portugueses Best Youth e Moullinex unem forças e soltam uma das faixas mais agradáveis do período. "In The Shade" tem os vocais juvenis de Catarina Salinas (que forma o Best Youth junto com Ed Rocha Gonçalves) e uma linha de baixo violenta de Luís Clara Gomes (Moullinex). E que baixo, amigo.

sábado, 22 de março de 2014

Futuro no Presente


Não ouvi os álbuns anteriores do Future Islands. Aliás, até esse Singles cair no meu HD, nunca tinha sequer ouvido falar na banda da Carolina do Norte. O álbum - que está sendo lançado oficialmente na próxima terça-feira, dia 25 - já é o quarto da discografia do trio, que no começo deste ano, assinou com a 4AD. Não dá pra dizer que são estranhos no ninho da gravadora inglesa, já que o pop eletrônico urdido pelo grupo encontra pares como Twin Shadow e Grimes sob as asas do selo.


 Pra você ver como o divisão A&R da 4AD não está de bobeira, como eu. Porque esse pessoal certamente ouviu os trabalhos anteriores do Future Islands e percebeu ali duas coisas fundamentais pra alguém que almeja sair do anonimato musical: talento e viabilidade comercial.

Singles - juro que não é exagero - vai ser provavelmente o melhor disco synthpop de 2014. Tem muitas qualidades pra isso. São dez faixas e menos de uma hora de duração que não enjoam de jeito nenhum, nem que você clique no repeat sem se importar - como eu estou fazendo há dois dias. Já ouvi perto de dez vezes e não consigo encontrar uma faixa pra falar mal. Não é uma coletânea, como o nome sugere, mas a assombrosa homogeneidade é tamanha, que está tudo nivelado por cima, sem arestas a aparar.

 Com características, trejeitos e um timbre singular, Samuel Herring é um vocalista absolutamente original. Com o ritmo e o tom emotivo (que passa longe da pieguice) que imprime em todas as canções, Herring fica lado a lado dos inimitáveis Martin Fry e Mark Hollis, o que, num gênero em que soar como o barítono Dave Gahan parece ser o objetivo de quem tem o microfone nas mãos, não é pouca coisa.

Tente não ficar inebriado com o impressionante trabalho do cantor em "Like The Moon":

O primeiro single e faixa de abertura do álbum, "Seasons (Waiting On You)", traz consigo outro padrão estabelecido pelo Future Islands: as linhas de baixo com vida própria, livres do estigma New Order, perseguido à exaustão pela geração atual. No vídeo abaixo, a recente apresentação da banda no Late Show de David Letterman, na arrepiante performance de "Seasons":


Com a riqueza instrumental e os arranjos sempre dispostos a arriscar metais (mesmo que seja o trompete sintetizado de "Sun In The Morning" e "Doves") e cordas (na belíssima levada de violões casada com o baixo propulsor de "Light House"), o trio abusa da elegância e bom gosto nas composições, algo como um encontro imaginário entre Anne Dudley e Roxy Music.

Singles é a fusão do synthpop oitentista sem cheiro de naftalina com indie rock sem afetação, nunca dispensando formalmente o uso da guitarra ("Back In The Tall Grass", "A Dream Of You And Me"), nunca deixando a máquina assumir o controle (vide os sintetizadores habilmente contidos em "Spirit" e "A Song For Our Grandfathers").

Vão ser grandes, anota aí.

"Light House": cellos e sintetizadores entrelaçando-se. 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Bonjour, Tristesse


 Baseado em Paris desde 2009, o Tristesse Contemporaine agrupa um sueco (Leo Hellden, guitarra), uma japonesa (Narumi, teclados) e um inglês (Mau, vocais).


Seu segundo álbum, Stay Golden, saiu em Setembro. Meio indie, meio eletrônico, o som do trio lembra bastante o The xx, mas é um tantinho mais sofisticado que o da banda de Jamie Smith. Em comum, a simplicidade dos arranjos e os vocais sussurrados com um tédio abissal por Mau em praticamente todas as faixas. Inspirados em The Cure e Young Marble Giants, fica fácil sacar por que soa como o xx - já que as duas bandas condensam pós-punk, eletrônica e 4AD em suas canções nada intrincadas, mas ocasionalmente, de uma candura comovente.

Pelo menos a metade de Stay Golden, é muito boa. A abertura com teclados sabor picanha de "Fire", o baixo New Order da boa faixa título, a minimalista "Can't Resist" reduzida a baixo, bateria e órgão e os ecos de technopop de "Burning" e "Pretend" são boas amostras do trabalho do trio. Eu aposto que o som do Tristesse Contemporaine ultrapassa as janelas das casas francesas logo, logo.

"Fire": "the city’s on fire now...”

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Electro Hipnótico


Ghost Carnival, segundo álbum da preguiçosa carreira do trio francês Hypnolove (o primeiro, Eurolove, é de 2006) traz uma bem resolvida fusão de funk, indie e disco com eletrônica, e o diferencial dos vocais especialmente bem executados - coisa cada vez mais inusual no pop recente.


Ao contrário do que alguns títulos sugerem, nem sempre é verão no álbum. As flutuantes "Holiday Reverie" (guitarrinhas e cowbell indie, ondas quebrando ao fundo) e "Winter in the Sun", convivem com ótimas faixas de melancolia fim de festa, como a disco "Beyond Paradise" e "Ghost Carnival".

A grande canção do disco é sem dúvida "Midnight Cruising", um dos momentos mais límpidos e singelos do pop sintético 2013. Ghost Carnival merece ser ouvido na íntegra, são apenas nove faixas com poucas semelhanças entre si mas com algumas qualidades compartilhadas: são músicas totalmente despretensiosas, mas muito bem acabadas, com a clara de intenção de durar bem mais do que uma estação.

"Midnight Cruising": synthpop cristalino.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Amanteigando


O conterrâneo Breakbot passou um cremezinho na melhor (leia-se única) faixa do último álbum do Phoenix, o fraquíssimo Bankrupt!. "Trying To Be Cool" passou do indie dance original ao french touch elegante de Breakbot e, com o perdão do trocadilho lamentável, ficou muito legal. Corre lá no Soundcloud que dá pra baixar sem culpa.

"Trying To Be Cool": conseguiu.

domingo, 19 de maio de 2013

Interjeições


Reparou como o pessoal anda criativo com nome de banda ultimamente? Quer dizer, não basta mais usar as palavras. Naquela leva recente do gênero morto-vivo witch house, a criatividade não tinha limites. Pronuncie, se for capaz: oOoOO, †††, BL§§D ØU†, , 8:*), gl∆ss †33†h. Nota: as vírgulas e o ponto final não fazem parte da representação gráfica. Estão ali só pra separar os nomes dos grupos mesmo. 


O !!! não tem nada em comum com a eletrônica de temática ocultista dos projetos acima. E o significado preferido para as exclamações é "Chk Chk Chk", embora os integrantes proclamem que qualquer som monossilábico repetido três vezes pode ser aceito pra descrever o nome da banda. Se o !!! conseguisse vender algum CD, ia ser engraçado ver o fã pedindo pro vendedor. Isso porque os californianos acabam de lançar o quinto disco, e até agora, o desempenho comercial deste e dos outros quatro é risível. As tarefas que THR!!!ER (que saiu no final de Abril pela Warp - tradicional gravadora britânica de música eletrônica, lar de gente como Aphex Twin, LFO e Autechre) deve cumprir são manter a visibilidade do Chk Chk Chk pra jogá-lo em festivais mundo afora e, principalmente, fazer você dançar. Acho bobagem ensacar o som do grupo num pacote dance-punk, porque de punk aqui nas nove faixas não tem nem o cheiro, e especialmente porque eles são bons músicos. Ouça THR!!!ER e repare nas linhas de baixo redondinhas, grooveadas, sedutoras, como na preguiçosa "Even When The Water's Cold" ou no single "Slyd". Guitarras serpenteiam pela ótima "One Girl / One Boy" (vocais divididos com a cantora Sonia Moore); saxofones deixam o clima mais safado em "Get That Rhythm Right"; sintetizadores e drum machines tornam os funks eletrônicos "Fine Fine Fine", "Except Death" e "Careful" algo muito próximo ao que o Heaven 17 fazia ao juntar black music e technopop no começo dos anos 80. A única que destoa do conjunto é a 100% indie "Station (Meet Me At The)", a última faixa, que ainda assim não faz feio. Não sei se vender mais discos faz alguma diferença pro !!!, mas THR!!!ER prova com louvor que esses caras mereciam melhor sorte nas paradas. É honesto, divertidíssimo e musicalmente muito competente.

"One Girl / One Boy": summer song.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

No Pescoço


Deixa ver se eu entendi: esse Bastille é uma espécie de simbiose entre o Coldplay e Florence and The Machine, com cara de indie moderninho? Mas que mistura mais indigesta. A estréia da banda, Bad Blood, debutou em primeiro lugar na Inglaterra, mês passado. Letras rasas, instrumental grandiloquente. É o disco com mais côros "ôôôô-ôôôô" do ano, ninguém tasca. E haja paciência.

"... I don’t want to hear about the bad blood anymore...". Nem eu.