domingo, 13 de maio de 2012

Bra-Bra-Brazil!

Curto e grosso: ninguém faz revolução dando zero no Ibope. Em outras palavras, quero dizer que se já passou da hora do pop nacional se renovar, que essa reforma seja comercialmente viável. Não dá mais pra aturar indie-sambinha universitário, pseudo-funk carioca engraçadinho ou experimentos eletrônicos que são uma viagem ao fundo do indecifrável cérebro do autor. Conseguiu captar a mágica do negócio? O tio desenha pra ti: tem que ser um som com um mínimo de dignidade artística, mas possível de executar nas AMs, FMs e elevadores, sacou? Acessível mas não pasteurizado. Difícil, né? É, eu também acho. Mas tem gente tentando, penso eu. Abaixo, três exemplares da espécie popularis brasiliensis se embrenhando na perigosa selva verde-amarela:

Máquina


Saudade do Zero? O trio carioca Máquina tem uma certa ambição poética e apreço por sintetizadores que remetem à ex-banda do afetado Guilherme Isnard. Notadamente influenciado por New Order (ouça o ótimo trabalho do baixista Nuno Virgílio em "Céu das Três"), Depeche Mode e pós-punk, o Máquina tem boas letras (algo raro hoje em dia), ousadia (a cantora lírica Gisele Diniz empresta sua voz em "Pequena Árvore da Grande Sombra") e pelo menos uma candidata à hit com a climática e metafórica "Vidro" (clipe abaixo). Dá pra baixar o álbum autointitulado sem culpa no site da banda.


Martin e Eduardo


Ainda bem que não se trata de mais uma dupla sertaneja engrossando as fileiras de Michel Teló. Martin e Eduardo são, respectivamente, guitarrista e baterista da banda da cantora Pitty. O primeiro álbum (Dezenove Vezes Amor) é de 2010, mas a dupla começa a ganhar boa rotação e mais exposição agora com o canal de vídeos nacionais BRZ, que substitui a MTV nas transmissões de TV aberta via parabólica. É um pop rock honesto, apesar dos vocais inseguros do baiano Martin - que também faz backing nos shows da patroa. Muita atenção para a belíssima levada de "Strange Days":



Fino Coletivo



Não é exatamente uma novidade, já que a banda foi fundada em 2005 e tem dois álbuns lançados. Com uma boa base de fãs, o Fino Coletivo trafega entre samba-rock, MPB e alfinetadas de eletrônica e dá uma aula de ritmo, entusiasmo e musicalidade ao broxante circuito da nova MPB de músicos medíocres e canções inofensivas incensados por aí. Tente resistir ao refrão, o wah-wah, os metais e o balanço em slow motion de "Fidelidade", se for capaz. O álbum mais recente é o espetacular Copacabana, de 2010.

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