domingo, 2 de abril de 2017

Funk Como Nos Gusta


Os dois singles que o Jamiroquai lançou em Janeiro e Fevereiro ("Automaton" e "Cloud 9", respectivamente) deram uma pista animadora de como poderia soar Automaton, o oitavo álbum da banda (o mais recente, Rock Dust Light Star, é de 2010). Produzido por Jay Kay e pelo tecladista do grupo, Matt Johnson, o disco impressiona tanto quanto a faixa-título. Tudo funciona com a mesma precisão e eficiência do Aston Martin de Jay: amostras magníficas de sintetizadores vintage, vocoders, baixos galopantes, timbres orgânicos de bateria e os vocais afinadíssimos e particulares de Kay - límpidos e potentes nas notas mais altas, sussurrados e macios nas mais baixas. Além de "Automaton" (um funk cibernético com refrão de levada disco) e "Cloud 9" (mais relaxada mas ainda totalmente dançável em sua versão original, a faixa ganhou um propulsor de Fred Falke na versão remix), saltam aos ouvidos as linhas de baixo espetaculares de "Superfresh" e "Nights Out in the Jungle", os violinos estrategicamente colocados em "Shake it On", "Summer Girl" e "Hot Property" e o boogie eletrônico "Carla". "Vitamin" lembra as origens acid jazz do Jamiroquai (especialmente expressas no debut Emergency on Planet Earth, de 1993) e surpreendente, mesmo, é "We Can do It" e seu tempero de sabor latino absolutamente delicioso. Automaton é excepcionalmente bem produzido, tem uma qualidade de som irretocável em todos os detalhes (dos vocais ao wah-wah da guitarra), é totalmente viável comercialmente sem ser pasteurizado e não vejo arestas a aparar em suas 12 faixas. Prova por A mais B que fazer um disco que funcione na pista, no rádio ou na sala de estar ainda é perfeitamente possível sem apelar para truques e clichês em voga no meio de uma cena pop caótica como a atual.



"Cloud 9":

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