A mais recente compilação da série Late Night Tales saiu no meio de Setembro e traz a curadoria dos escoceses do Franz Ferdinand. O ecletismo da seleção era esperado - já que inclui faixas sugeridas pelos quatro membros da banda - mas o negócio ficou tão diversificado que tem indie, funk, krautrock, northern soul, reggae, ambient e outros rótulos que só dificultam a nossa vida. A despeito da disparidade, o disco é sensacional.
Vários nomes que gostei, mas nunca tinha ouvido falar: o folk lindo de R. Stevie Moore ("I'm Only Sleeping"), a psicodelia easy listening do The West Coast Pop Art Experimental Band ("Eighteen Is Over The Hill"), o indie de vocais falados da obscuridade Life Without Buildings ("New Town") e a melhor do pacote: o impressionante soul de Carrie Cleveland, "Love Will Set You Free".
Aí, dos medalhões temos o kraut do Can, estranhamente digerível em "Connection", o groove cabeçudo de Ian Dury ("Reasons To Be Cheerful Part 3"), o funk eletrônico do Zapp ("More Bounce To The Ounce"), o reggae envenenado "Disco Devil" (do bruxo Lee "Scratch" Perry), o manifesto anti-drogas (brilhantemente musicado) "King Heroin", de James Brown e a desolação futurista do Boards Of Canada, na gélida "Reach For The Dead". Rola até Paul McCartney e Serge Gainsbourg. Não dá pra se queixar de falta de diversidade. As escolhas do Franz Ferdinand formam o melhor volume do Late Night Tales, de todos que ouvi até agora: abrangente, de bom gosto e altamente didático.