Udeze Ukwuoma (a.k.a. Dday One) é um DJ e produtor americano, na ativa desde meados da década de 90. A onda dele é hip-hop instrumental, um subgênero que já deu ao mundo nomes muito interessantes, como DJ Krush, RJD2, J Dilla e DJ Shadow, (cujo álbum Endtroducing….., de 1996, é um marco da música eletrônica).
Dday One acabou de lançar seu novo EP, Artifact, pelo próprio selo, Content (L)abel,
com seis faixas carregadas de beats engenhosos e samples variados
convivendo em harmonia com instrumentos acústicos. Além da (boa) música
contida no EP, um detalhe que chama atenção em Artifact é o
formato em que ele foi lançado: um edição limitadíssima de apenas cem
cópias... em disquete. A inusitada plataforma vem devidamente
autografada e inclui um download code para o EP em versão MP3 e ainda um
arquivo de texto que contém um link para uma faixa extra. Mais estranho
ainda é saber que a prática pouco usual não é exclusiva de Dday. Tem um
povo que também emprega essa forma de divulgação atualmente, num movimento muito bem descrito
pelo jornalista Ricardo Schott em uma matéria para o seu site Pop Fantasma. Quem, porém, não quiser se aventurar pelos problemáticos floppy disks, pode ouvir Artifact e outros trabalhos de Dday no Bandcamp do artista.
Os australianos do Cut Copy acabaram de divulgar o segundo single do novo álbum Haiku From Zero, "Standing in the Middle of the Field". Pra você (como eu) que ficou mal acostumado com o alto nível
do (synth)pop urdido pelo quarteto na boa estreia Bright Like Neon Love (2004) e, especialmente, no ótimo In Ghost Colours
(2008) e viu a coisa desandar nos três álbuns seguintes, tenho que dizer
que a nova música não lembra - nem de longe - aquele Cut Copy do começo da década passada. Percussiva e preguiçosa, "Standing in the Middle of the Field" arrasta-se por cinco minutos e meio de vocais sonolentos e instrumental sem inspiração. Decepcionante.
O single anterior, "Airborne", deu alguma esperança de que Haiku From Zero pudessetirar o Cut Copy do estado de letargia em que a banda se encontra nos últimos anos: com sua guitarrinha funkeada, uma linha de baixo toda trabalhada no talento e vocais
indie-verãozinho bem apreciáveis, ao
menos é melhor que qualquer coisa que eles lançaram de 2011 pra cá.
O vocalista, tecladista e guitarrista Dan Whitford explicou em comunicado a imprensa que "...é a primeira vez que criamos um álbum com cada membro da banda em diferentes cidades em todo o mundo e durante seis semanas nos reunimos novamente no estúdio em Atlanta para fazer essas gravações. Para mim, provavelmente é a melhor destilação do que nossa banda representa, combinando nossa sensibilidade de produção de estúdio com a energia de nossas performances ao vivo. Eu não poderia estar mais feliz com a forma como acabou e estou realmente animado para os fãs ouvirem o próximo capítulo do Cut Copy." Quando li isso, lembrei na hora do que Martin Gore, do Depeche Mode, falou simultaneamente ao lançamento do clássico álbum Violator, de 1990: "Você tem de se lembrar de que nenhuma banda tem qualquer perspectiva sobre o disco que ela acabou de finalizar. Então podem muito bem sair dizendo que é o melhor que eles já fizeram." Sábias palavras.
Haiku From Zero tem nove faixas e o lançamento está programado para 22 de Setembro, pela gravadora nova-iorquina Astralwerks.
Disco novo do Hercules and Love Affair à vista: Omnion é o quarto do grupo, criado e liderado pelo DJ e produtor americano Andy Butler. Com uma discografia irregular até agora, o projeto talvez tenha sofrido um pouco com o fato de ter feito uma estreia empolgante - o debut homônimo, de 2008. Contando com vocalistas convidados (Antony Hegarty entre eles), o álbum foi produzido pelo próprio Butler e pelo DJ e produtor inglês Tim Goldsworthy (U.N.K.L.E., LCD Soundsystem, Cut Copy e Rapture no currículo) e traz Antony Hegarty cantando em cinco das dez faixas, entre elas o soul sintético "Time Will", a percussiva e sussurrada "Easy", "Raise Me Up" (em que os vocais foram soterrados na mixagem em favor do baixo galopante e da bateria disco) e o hit "Blind", cheia de gemidos, trompetes e euforia. Outras canções de destaque são "You Belong" (uma house de refrão grudento em que a levada de piano lembra uma "Understand This Groove" dos suecos do Sound Factory em slow motion), "Iris" (algo Andrea True Connection) e ainda o baixo formidável de "Athene", os metais de "This Is My Love" e as totalmente setentistas "Hercules Theme" (instrumental) e "True False/Fake Real". Num dos melhores discos de 2008, pouca gente veio com uma coisa tão divertida naquele ano.
"Blind":
Apesar de dançante, o melancólico álbum seguinte (como evidencia o título) Blue Songs, de 2010, continua a saga de Butler através dos beats e synths oitentistas ligados diretamente ao technopop e a house music, mas sem o brilho pop do disco anterior e sem a participação de Antony Hegarty. Ainda assim, é um trabalho apreciável, com bons singles como "My House", "Painted Eyes" e a participação de Kele Okereke, do Bloc Party, em "Step Up".
"Painted Eyes":
The Feast Of The Broken Heart, o terceiro álbum (2014), traz de novo vários vocalistas convidados, que, segundo Butler disse à época, formaram "...o melhor conjunto de cantores que já tive". Com produção impecável e grandes canções como "I Try To Talk To You" (com a voz reconhecível à quilômetros de John Grant), "Do You Feel The Same?" (vocais do belga Gustaph e um bassline agressivo com timbres de TB-303) e a Chicago house clássica de "My Offence". Ao contrário dos dois discos anteriores, The Feast Of The Broken Hear não usou instrumentos "orgânicos", como metais e cordas, deixando um pouco de lado a porção disco de seu som.
"I Try To Talk To You":
O próximo trabalho do Hercules, Omnion, traz onze canções e trata de tolerância e fé, conforme comunicado. Algumas amostras já saíram: o ótimo dance pop de "Controller", a contemplativa faixa título, "Rejoice" (um tiquinho mais techno) e "Fools Wear Crowns" (com lindos strings). O que parece certo é que, mais ou menos dançante e baseado no material que já foi divulgado, é pouco provável que Andy Butler decepcione.
Quando "Ice Ice Baby" começou a fazer sucesso (no meio de 1990), Vanilla Ice teva a cara de pau de dizer que não chupou o baixo do Queen
("Under Pressure"). Um tempo depois, admitiu o sample. Seu rap de rimas fracas não foi além de bobagens tipo "Com meu conversível aberto pro cabelo poder esvoaçar / As garotas na espera, só acenando pra dizer olá" ou ainda "Preste atenção porque eu sou um poeta lírico" (essa foi demais).
"Ice Ice Baby" inicialmente era o lado B do single "Play That Funky Music", mas assim que ganhou execução por rádios e DJs, tornou-se imensamente popular - tanto que foi o primeiro rap a chegar no topo do Hot 100 da Billboard, e por conta desse hit, Vanilla Ice colecionou mais discos de ouro do que jamais sonhou.
Em 1990, eu - então com 15 anos - estava me lixando pra letra e nunca tinha ouvido "Under Pressure". Hoje, reconheço que o sample do baixo encaixou direitinho. Foi uma ideia que provavelmente não veio de Robert Matthew Van Winkle, um cara comprovadamente sem talento.
Não tive coragem de comprar o álbum To The Extreme (o segundo de Ice, incríveis 16 semanas no topo da Billboard e mais de 15 milhões de cópias vendidas), mas "Ice Ice Baby" foi licenciada para várias compilações, como essa aí abaixo.
Não leve o título ao pé da letra porque de batucada essa house não tem nada. "Batuque" é o primeiro single do escocês Stephen Housego pelo selo brasileiro 294 Records e traz uma vibe "full brazilian", conforme indica o release. Isso inclui um loop de piano elétrico, trompetes que pontuam a melodia e um monólogo (em inglês) que meus dois anos e meio de Wizard não me habilitaram entender do que se trata. De qualquer forma, é uma house praieira deliciosa, em que a única dúvida que fica é levantar da espreguiçadeira pra dançar ou não.
O Tender segue pavimentando solidamente seu caminho até o primeiro álbum. O misterioso duo londrino, formado em 2015 pelo vocalista e multi-instrumentistaJames Cullen e pelo tecladista Dan Cobb prepara-se para lançar o debut Modern Addiction dia 1º de Setembro, pela gravadora britânica Partisan Records. A expectativa gerada até agora pelos três EPs e mais algumas faixas disponibilizadas de forma independente pela dupla aponta para um trabalho quase totalmente inédito, levando-se em conta o tracklist do álbum, já liberado. O som do Tender é um cruzamento entre R&B contemporâneo e eletrônica visceral; soaorgânico, sem truques banais como o autotune e cozinha em fogo brando, com uso farto de sintetizadores de timbres vintage amadeirados - climas aquecidos por Cobb que fazem a cama perfeita para Cullen desfilar sua voz sexy e semi-sussurrada. Talvez Terence Trent D'Arby soasse assim na atualidade, se estivesse vivo musicalmente. A canção mais recente do Tender, "Machine", deixa isso muito claro e perceptível: beats programados e teclados precisos, numa faixa que cresce devagar e explode num refrão memorável e que funciona igualmente bem tanto na celebração da pista de dança quanto na solidão-conforto do sofá da sala. O vídeo, que sugere o vazio existencial e a futilidade dos prazeres transitórios da vida moderna que tomam conta de boa parte da geração atual, retrata bem a letra, cujo refrão sentencia: "You cut me open, and pull me apart / A hollow chest instead of a heart". Sério candidato a revelação do ano. Ouça o Tender no Spotify.
Um tempo atrás o peruano Luis Leon meteu a mão em "This Charming Man", clássico single-debut dos Smiths, de 1983, e saiu-se com um edit muito bem feitinho, com timbres de sintetizador cuidadosos e sem exageros estilísticos.
Desta vez é o DJ e produtor americano Eric Estornel (a.k.a. Maceo Plex) que resolveu desafiar a ira dos fãs mais xiitas. Ele apareceu hoje com um edit de "How Soon Is Now?", emblemática canção da banda inglesa, lançada em 1984. Na nova versão, o tremolo original da guitarra de Johnny Marr - possivelmente, a referência mais identificável da música - foi mantido em toda a base por Maceo, assim como alguns trechos dos vocais de Morrissey. A isso, foram adicionados alguns efeitos e uma batida 4x4 bem simples. Não é um edit inesquecível, mas é uma boa atualizada numa faixa com mais de 30 anos. E se a ala fundamentalista dos fãs dos Smiths ficar putinha de raiva, melhor ainda.
Imagino que o maior mérito do When In Rome foi um dia ter sido confundido com o Depeche Mode por conta de seu single "The Promise", de 1988. Mas, convenhamos, um ouvido minimamente treinado não cometeria tal heresia. Martin Gore, principal compositor do Depeche, não redigiria uma rima constrangedora como "If you need a friend / Don't look to a stranger / You know in the end / I'll always be there", nem nos tempos de ginásio. E os esforços dramáticos de Clive Farrington ao microfone nem de longe lembram a extensão vocal de barítono de Dave Gahan. Porque a confusão, então? Mania do ouvinte médio de colocar tudo que soa relativamente parecido no mesmo balaio de gatos. E olha, o When In Rome é fraquíssimo, pra ser generoso. Seu autointitulado debut (e até hoje, único álbum) é horroroso, um sub-Alphaville de composições com o dobro da cafonice da banda alemã e instrumental uns cinco anos defasado em relação ao reluzente technopop praticado pela concorrência do primeiro escalão na época (o próprio Depeche, Erasure e Pet Shop Boys). Salva-se a melodia ensolarada de "Heaven Knows" e "The Promise", que tem, vá lá, um baixo interessante.
Não é nada fácil arriscar um cover de uma banda como o Depeche Mode. Há sempre boas chances da tentativa soar enfadonha ou oportunista, especialmente quando o alvo escolhido é um clássico do tamanho de "Enjoy The Silence", por exemplo. De qualquer maneira, há algumas boas variantes das canções da banda inglesa disponíveis: Johnny Cash ("Personal Jesus"), GusGus ("Monument") e Rammstein ("Stripped") são excelentes para mostrar que com versões radicalmente diferentes das matrizes e um toque claramente pessoal de cada um, o resultado causa a estranha sensação de que estas músicas sempre pertenceram aos artistas que as escolheram (o que é sempre bom sinal). A cantora, compositora e produtora americana Julia Holter não se intimidou e acaba de gravar sua interpretação para "Condemnation", cantada a plenos pulmões originalmente por Dave Gahan no álbum Songs Of Faith and Devotion, de 1993. São duas versões do hit escrito por Martin Gore, já disponíveis para streaming e que também serão lançadas em formato físico num single de sete polegadas de edição limitada, programado para 15 de Setembro, pela Domino Records. O single é um tributo ao músico e diretor americano Travis Peterson, que tinha o Depeche como uma de suas bandas preferidas e que faleceu em Dezembro do ano passado. Peterson, que dirigiu vídeos de Ariel Pink e Glass Candy, entre outros, era amigo pessoal de Julia Holter e dos outros três artistas que colaboram na gravação: Ramona Gonzalez, Cole M.G.N e Nedelle Torrisi. "Condemnation (Live)" é, como o nome indica, uma delicada e emotiva versão ao vivo, quase um acapella acompanhado somente por acordeão, enquanto "Condemnation (Synth)" traz arpejos de sintetizador emoldurando os vocais. São duas belas reconstruções, uma justa homenagem e que tem um destino nobre para a arrecadação alcançada com suas vendas: a renda será destinada para o Didi Hirsch Mental Health Services, uma organização sem fins lucrativos que presta serviços relativos a saúde mental e dependência química a comunidades carentes de Los Angeles.
Quando a simplicidade da combinação de elementos que incluem um loop de teclado, um baixo minimalista e os vocais soul do cantor Shaun J. Wright, rende uma house que é Chicago em essência, enxuta e suingada. James Curd, em seu recém lançado single "Now I Believe", mostra - mais uma vez - talento e inventividade, montando uma dance track eficiente, viciante e excessivamente bonita. Tudo que as pistas precisam.
"Keep Rock In" - novo single do Groove Armada - não tem muito jeito de que vai ultrapassar as janelas das danceterias (como "My Friend" ou "I See You Baby"),
mas tem um sample de chamada pra pista certeiro (parece empréstimo de
alguma faixa de hip-hop) e um baixo monocórdico cavalar pronto pra
transformar essa house num hitaço de pista. Aliás, é isso que promete o
novíssimo selo Weapons, que lançou o single: "Voltando aos dias em que as melhores dance tracks foram feitas para o clube, não o rádio, a Weapons promete fornecer faixas de pista de dança pura, para DJs e clubbers". Assim espero.
Alice Glass (ex-Crystal Castles)
ressurge agridoce com o single "Without Love", lançado semana passada.
Produzida por Jupiter Keyes (da banda americana de rock alternativo Health,
que já trabalhou com o Crystal Castles), a faixa explora os agudos
afiados de Glass envoltos por synths ora delicados ora intimidadores.
"Without Love" é de uma beleza bizarra e hipnótica (como a própria
Alice), congelada pela lente da diretora ítalo-canadense Floria Sigismondi, no belo vídeo abaixo. Direto pra lista de Melhores do Ano.
"Without Love": pra deixar Ethan Kath choramingando baixinho.
Curioso como o tempo passa e o approach muda em relação ao trabalho de um artista. A acusação que pesava sobre Stanley Kirk Burrell (a.k.a. MC Hammer) em seu hit "U Can't Touch This", de 1990, era de que o sample usado em toda base era muito óbvio, uma mera chupação que não envolvia talento, pesquisa ou criatividade. Penso nisso toda vez que ouço "Harder Better Faster Stronger", do Daft Punk, montada com um sample indecente de Edwin Birdsong e sua "Cola Bottle Baby", de 1979. O veredicto para a dupla francesa foi um só: "gênios!"
De fato, à época de "U Can't Touch This", as leis sobre direito autoral ainda não estavam bem claras (honestamente, nem sei se hoje estão), mas Hammer decidiu usar "Super Freak", de Rick James (1981), pra tagarelar seu rap chinfrim e nada modesto ("Oh meu Deus, obrigado por me abençoar com uma mente para rimar e dois pés tão rápidos / Sou conhecido como um cara muito legal de Oaktown / Você não pode fazer igual / Eu te disse cara / Você não pode ser tão bom quanto eu"). E dá-lhe repetir "you can't touch this" 23 vezes canção afora. James não quis nem saber: enquanto o single de Hammer voava alto nos paradões de todo o mundo, processou o rapper por violação de direito autoral. Hammer então apressou-se em ceder a co-autoria da faixa à James e molhou a mão do cantor (falecido em 2004).
O álbum Please Hammer, Don't Hurt 'Em foi lançado logo em seguida e já tinha Hammer na zona de conforto. Vendeu algo em torno de 18 milhões de cópias, o que deve ter garantido a aposentadoria do MC. Para o bem ou para o mal, "U Can't Touch This" é um clássico.
Prolífico e inquieto, o produtor londrino Kieran Hebden (a.k.a. Four Tet) fez sua discografia virar uma deliciosa confusão. Em 2017 já rolou o álbum There Is Love In You (originalmente lançado em 2010) e simultaneamente, sua versão de remixes, retrabalhada por artistas como Jon Hopkins, Floating Points e Joy Orbison. Teve também o EP Ringer (em Janeiro) e duas faixas que saíram recentemente, "Two Thousand And Seventeen" (em Julho) e "Planet" (Agosto).
"Two Thousand And Seventeen" é uma canção ambient relaxante que parece ter sido gravada no alto do Monte Fuji, no Japão. Com batida de hip-hop em slow motion, teclados atmosféricos e um instrumento de cordas que lembra o tradicional shamizen japonês, é perfeita para aquele momento do dia em que se pensa em coisas como a política nacional e o preço do quilo da costela de primeira.
Já "Planet" é um techno comportado, com uma base de pouca variação melódica. Não acho lá muito excitante pra pista de dança, a despeito dos gemidos bem sexy dos samples vocais. O electro-shamizen aparece de novo e acaba deixando a faixa mais para se apreciar do que se movimentar. De qualquer forma, mantém o nível das produções de Four Tet bem acima da Troposfera.
Olha, em 1985 eu tinha 10 anos. Não escutava Kraftwerk e George Clinton. Eu curtia o que o rádio oferecia. O que tava na trilha da novela. O que aparecia no Cassino do Chacrinha. Isso incluía a alemã Sandra Ann Lauer, tenros 22 aninhos na época do lançamento de "(I'll Never Be) Maria Magdalena". Foi o terceiro single da carreira da moça, mas o primeiro hit de fato. Hitaço, aliás. Li em algum lugar que passou de cinco milhões de cópias vendidas. Aqui no Brasil, foi trilha do remake da novela Selva de Pedra, em 1986 - o que causou o airplay exaustivo por um bom tempo.
Produzida pelo romeno Michael Cretu (que casou-se com Sandra três anos depois e emplacou o Enigma no começo dos 90), "Maria Magdalena" é um synthpop épico. Riff poderoso de orquestra sintetizada, refrão memorável, beat lento mas altamente dançável.
Não achei lá muito empolgante essa colaboração entre o leviatã da house music, Todd Terry e Doug Lazy, herói do hip-house da virada 80/90. "We Love That Acid" saiu no meio do mês passado e não é a primeira vez que eles trabalham em conjunto, em 2009 a dupla lançou "Rock That Groove" pelo selo de Terry, Inhouse Records. A faixa de 2009, aliás, é um pouco melhor que essa recém lançada: apesar de ambas terem um poder de fogo (brando) parecido, em "Rock That Groove" o vocal de Lazy é reconhecível à distância, enquanto que em "We Love That Acid", em que Doug Lazy cita alguns de seus hits (as excelentes "Let It Roll" e "Let The Rhythm Pump"), sua voz está soterrada sob um vocoder safado de ruim. Ouça as duas aí abaixo e comprove. "Rock That Groove":