terça-feira, 31 de julho de 2012

Essa Antena 1...


O charme dessa rádio em não divulgar o nome das músicas executadas acaba dando mais trabalho na hora de procurar pelas canções, mas o casal de irmãos australianos Angus & Julia Stone e sua delicada "Big Jet Plane" foi mais uma que eu consegui desvendar do playlist. Olha que coisa linda:

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Happy Birthday To...


Quentin Leo Cook. Ou Norman Cook. Ou Freak Power. Ou Pizzaman. Ou Mighty Dub Katz. Ou... ah, esquece. São mais de 20 pseudônimos e projetos encabeçados pelo ex-baixista do Housemartins. Desde seu primeiro empreendimento bem sucedido (o Beats International, em 1990) até o Fatboy Slim - sua face mais popular na dance music, gênero que adotou após a saída do indie pop Housemartins - Norman Cook tem o faro e o feeling pra transformar qualquer coisa em hit de pista, e muitas vezes, em sucesso que ultrapassa as janelas das danceterias. E logo mais, faz 49 anos.

"The Rockafeller Skank": provavelmente sua música mais conhecida.

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domingo, 29 de julho de 2012

Disposable Cinema Club


Não sei o que acontece com esse pessoal. Eles tem tudo na mão: tecnologia, informação, instrumentos de ponta. E inventam de montar uma banda. Aí os irlandeses do Two Door Cinema Club - que é uma bandinha indie abaixo do razoável - tem o nome citado pela BBC como uma das apostas de 2010 e pronto, feita a cama. Se você escutou e gostou do primeiro álbum dos caras (Tourist History, 2010), te desafio a cantarolar uma estrofe desse disco. Duvido. E lá vem o segundo: Beacon, programado pra Setembro, já está por aí. O som é amarradinho, cheio de rufos frenéticos de caixa, palhetadas ágeis de guitarra e vocais que sugerem um Brandon Flowers de calça skinny, camisa xadrez e All Star surrado. Mas é uma música egoísta. Ela existe para a banda, e para o público que se encaixa na descrição do Brandon Flowers hipotético acima. Vai estar aí, pairando no ar virtual por um tempo e, suprema ironia, periga ser esquecida antes mesmo do lançamento oficial de Beacon. Depois vai sumir sem deixar vestígios. Porque não tem nada nesse disco que te faça querer apertar o repeat, ou que te persiga o dia inteiro. Um refrão, um riff, aquele gancho, aquela sacada. Nada. Será que isso é o que a descartabilidade representa hoje em dia? Um tempo atrás eu conseguia lembrar o porquê de odiar alguma banda, pelo menos.

Two Door o quê mesmo?

sábado, 28 de julho de 2012

O Que é Que a Bahia Tem?


Tem o Gepetto, um quarteto indie que conheci essa semana. Dá pra baixar seu EP na faixa no site oficial. Os vocais meio chorosos cansam um pouco nas quatro faixas, mas fazem sentido na melancólica "Tentação", com uns sintetizadores de dar medo e ecos de um Radiohead em frangalhos. O vídeo é muito bom, olhaí:

Linha & Anzol


Com o perdão do trocadilho fraco, dá pra pescar boas faixas nesse Draw The Line do Fish Go Deep. É o segundo álbum da dupla irlandesa Greg Dowling e Shane Johnson, que toca e produz música desde o início dos 90 (sem muita pressa: o debut, Lil' Hand, é de 2004) e estourou em 2006 com o single "The Cure And The Cause". 


O disco groova com elegância (especialmente na ótima linha de baixo de "Find A Way"), reduz a marcha e engata um trip hop tipo Sneaker Pimps em 1997 ("Blue Flame", com vocais da sempre presente Tracey Kelliher), e ainda dá uma passeada por dub techno ("Falling Out") e deep house ("Resonance" e "Treetalk"). Não tem nada tão impactante quanto "The Cure And The Cause", mas é um álbum bem acima da mediocridade eletrônica vigente.


"Blue Flame": direto pra lista de melhores de 2012.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A Sexta Pede Sol


"Sun", do projeto do canadense Daniel Snaith, Caribou. Porque a sexta merece um som assim: hipnótico, psicodélico, profundo, experimental e altamente dançante. Um mantra repetido à exaustão elevando mente e corpo a um outro plano - sexual, musical, espiritual... você escolhe. Exagero? Não, não. É uma faixa inesquecível, sob qualquer aspecto. Single de 2010 extraído de um dos melhores álbuns de eletrônica dos últimos anos, Swim. Sério, não deixe de ouvir, se você ainda não o fez.
"Sun": vídeo não convencional para uma música não convencional.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Back To The Falsetto


Melhor comeback da semana: Jimmy Somerville.  


OK, Solent EP saiu oficialmente em 28 de Maio, mas só fiquei sabendo essa semana. Dono de um timbre muito particular (um falsete potente e afinadíssimo), o cantor escocês empilhou hits nos 80, com Bronski Beat, Communards e depois em carreira solo. Seu Solent EP mostra um Somerville com a voz em cima, impecável, e canções com a mesma elegância e dançabilidade synthpop/disco que sempre caracterizaram sua música. Um dedinho mais experimental na épica "Reconciliation", mas de botar um sorriso no rosto com o pop perfeito de "Some Wonder". E ainda tem ótimos remixes de Siriusmo ("Kite") e do Midas Fred Falke ("Taken Away"). Vai com fé, é bacana.

"Some Wonder": falsete em forma.
Jimmy Somerville - Some Wonder - Solent EP by Solar Management Ltd

quarta-feira, 25 de julho de 2012

UNKLEMixes


Se você sempre achou que a dupla inglesa UNKLE não combinava muito bem com pista de dança, pode rever seus conceitos. Cabou de sair um EP (UNKLE Sounds EP, somente em formato digital) com quatro faixas retrabalhadas por gente de talento do naipe do 16 Bit Lolitas e uma versão original para o techno underworldiano de "Sayonara". Surpresa mesmo é ver o quanto figuras que não tem nada a ver com a cultura clubber como Josh Homme (em "Restless") e Nick Cave ("Money and Run") ficaram totalmente a vontade nessas dance tracks turbinadas. Confere que presta.

"Restless": 16 Bit Lolitas bombando Josh Homme.

domingo, 22 de julho de 2012

Elton John Passa Por Cirurgia


Calma. Não foi nenhum procedimento médico (ou estético, como sugere a foto acima). Acontece que Sir Elton John reaparece em 2012 e engata uma parceria com os australianos do Pnau ("pinô"? Alguém sabe a pronúncia?) em Good Morning To The Night.


John entregou à Nick Littlemore e Peter Mayes as masters originais de algumas canções suas do período 1970/1976 e o resultado é um álbum de remixes irregular. Tem a euforia electro da faixa-título, tem o trompetinho simpático de "Sad", a dinâmica de reggae de "Black Icy Stare" e a disco "Phoenix", mas o resto me soa exageradamente melancólico. Nem tanto no bom pop de "Foreign Fields" e na extravagante "Karmatron", mas dolorosamente deprê em "Telegraph To The Afterlife" e em "Sixty". Se a moda pega, daqui a pouco teremos uma enxurrada de cantores pop sessentões desesperados por uma atualizada no seu som disponibilizando seu catálogo do século passado para moleques com ou sem talento jogarem na mesa de operações.

"Good Morning To The Night": e produzir música nova que preste nem pensar, né seu Reginaldo?


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Lado B = Lado A



A frase que li no Twitter outro dia sobre o novo álbum do Com Truise matou a charada: "Qual a diferença entre um disco de raridades do Com Truise e um disco 'normal'?". A resposta é óbvia: nenhuma.  


In Decay é uma compilação de inéditas, gravações pré-lançamentos oficiais e demos somente disponibilizadas anteriormente via Internet. O projeto synthpop/electro/downtempo do nova-iorquino Seth Haley vem ganhando admiradores desde o lançamento de Galactic Melt, seu debut do ano passado. Eu não acho lá grande coisa, mas para fãs de sintetizadores e entusiastas de pop eletrônico instrumental com os dois pés na década de 80, o som do Com Truise é o que há. Nadaver com coisas tipo o que Jean-Michel Jarre se transformou nessa época (um mala espacial/progressivo). A pegada aqui é uma espécie de simbiose improvável entre Harold Faltermeyer e Paul Hardcastle. Tava aqui vendo o site do Com Truise e analisando sua turnê européia, que começou em Maio e encerra em Agosto. Pensei que deve ser curioso e/ou engraçado assistir um show com um cara que fica com o nariz enterrado num laptop durante um bom tempo. Você nunca sabe se ele está cortando graves, limando vocais, adicionando samples ou se está só lendo o e-mail mesmo.

"84' Dreamin": o título diz tudo.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Billy Corgan e a Infinita Falta de Inspiração

Não sei ao certo qual é o problema com Oceania, novo disco do Smashing Pumpkins. Tem uns redemoinhos de guitarra bacanas ("Glissandra", "Quasar"), lindos arranjos de cordas ("The Celestials"), riffs potentes ("Inkless") e baladas bem feitinhas ("Oceania"), mas acho que o álbum não prende tanto a atenção porque Billy Corgan (agora sozinho no projeto) já não me surpreende mais. É compreensível, acredito ser uma tarefa ingrata se reinventar a cada disco - e este já é o oitavo.


Oceania não deve desapontar os fãs da banda, mas dificilmente vai arrebanhar novos seguidores numa quantia significativa. E também nem é culpa de Corgan, e provavelmente ele não está nem aí com isso. A questão é o que mudou à sua volta nos últimos anos, acho eu. Rádios, MTV, internet... e olha que o álbum estreou em quarto lugar no paradão da Billboard - se isso ainda quer dizer alguma coisa. Difícil é não ficar pensando nos momentos mais criativos de Billy Corgan, com letras desafiadoras ("Disarm"), vídeos fantásticos ("Tonight Tonight"), o indie colidindo com o pop ("1979"), e a ousadia de lançar um álbum duplo conceitual (Mellon Collie and the Infinite Sadness, 1995) e vê-lo passar de dez milhões de cópias. Ainda assim, Oceania é um bom disco de rock, tem bons momentos. E só pelo fato do Smashing Punkins (ainda) não ter se tornado um cover de sí próprio, já é motivo pra dar uma chance pra esse bom pedaço de rock alternativo vindo de Chicago.
  
"Glissandra": Smashing ainda relevante?

sábado, 14 de julho de 2012

Electrobilly


Não sei direito quem é o tal Luca Venezia, esse esquisitão aí que se esconde atrás da alcunha Drop The Lime, mas eu não andaria com ele no recreio. Como quase todo fã roxo de rockabilly, ele tem cara de psicopata. E o nova-iorquino nem é novo no riscado: grava desde 2003 e tem na pasta remixes para Armand Van Helden, Little Boots, Moby e Rex The Dog (pra citar alguns) e um segundo álbum fresquinho, Enter The Night. Como um Eddie Cochran congelado em 1960 e jogado nesse caótico 2012, Venezia funde sons que estão pegando atualmente (dubstep, minimal techno) com umas guitarras country & western envenenadas, resultando ora numa espécie de Billy Idol sem a cara de pau (em "Not The Only One"), ora num Johnny Cash furioso e transistorizado ("Darkness"). Pode ser que o som do Drop The Lime não engrene nos clubes, mas seria interessante ver a reação das pessoas à riffs como os de "Bandit Blues". Bem melhor que assistir à coreografias constrangedoras tipo "Poker Face".

Drop The Lime: ousadia nas pistas ou um canastrão bem intecionado?

Rápido, Rasteiro & Entediado


Mas que semaninha ruim pra música, hein? Ou eu que não procurei direito? Mesmo com tempo escasso, ouvi uma pá de coisas, chafurdei na web em busca de novidades, mas nada digno de um post decente. Tá, teve o caso do Frank Ocean - que um povo aí aponta como o cara do R&B contemporâneo, mas eu achei seu recém lançado Channel Orange meio chato. Ou não tive fenfibilidade suficiente pra perceber as texturas esmeradas da música ou as letras confessionais deste promissor rapaz. Teve o Smashing Pumpkins de Billy Corgan passando batido com o fraco Oceania, mais o Linkin Park saltando para o limbo com Living Things. Nem a eletrônica se salvou. O belga Netsky (que fazia um drum'n'bass cool e eficiente há um tempo atrás) resolveu aderir às baterias heavy metal e ao clima espalhafatoso de gente como o Pendulum no seu 2. O Fish Go Deep (que tem na carreira um single perfeito chamado The Cure and The Cause, de 2006) lançou um álbum que não ultrapassa muito a temperatura do corpo (Draw The Line) e o Parallels - que era uma boa aposta synthpop três anos atrás - ficou na promessa com o novo XII. Se você teve uma semana melhor, musicalmente falando, não se faça de rogado e me deixe ficar sabendo.

domingo, 8 de julho de 2012

Arqueologia

Julio Saraiva, o Frontrunner.
Dando uma desempoeirada (alô Pasquale!) nos meus velhos CDs hoje a tarde, (re)descobri um promo que recebi no século passado de um selo independente chamado Electroad Records, de São Paulo. A masterização das faixas ficou por conta de um cara chamado Julio Saraiva, da 4D Records (nada a ver com a 4AD inglesa). A Electroad era uma gravadora que tinha no cast artistas eletrônicos tupiniquins, que felizmente (em alguns casos) e infelizmente (em outros) não deram em nada. O selo eu acho que também virou pó, nunca mais ouvi falar. No promo, há duas faixas de cada artista (são seis grupos), entre eles o Simbolo - velho conhecido no underground sintético brazuca, e uma das poucas coisas dignas de nota do disco. O outro que vale mencionar é o Frontrunner, do próprio Julio Saraiva. Uma das músicas dele na coletânea ("Looking For You") é bem interessante. É um tanto defasada (mesmo pra época em que foi lançada, 1998), porque pega pesado num EBM nublado, sem espaço pra melodia - coisa que o Klinik e o Front 242 já faziam lá no meio dos 80. Gosto, entretanto, do bassline martelado nos indicadores e do climão ingenuamente dark da canção. Julio atualmente está trabalhando num novo álbum, chamado Damaged Control.


Fita cassete do Frontrunner, lançada em 1996.

"Looking For You": vocais ininteligíveis.


sábado, 7 de julho de 2012

Clássico é Clássico e Vice-Versa: Faithless

Naquele 1996 fervilhando de boa música pop, "Insomnia" era uma estranha no ninho. Tocava direto nas rádios, mas não era pop. Não tinha refrão, mas seu riff memorável de sintetizador grudou na cabeça de todo mundo. Era uma narrativa sombria com um clima eletrônico-opressivo impressionante, mas provocava devastação nas danceterias.


Como explicar o sucesso absurdo desse single? Impossível. O que dá pra dizer é que o Faithless apareceu com alguma coisa realmente diferente na dance music de então. O rosto da banda não tinha nada de glamouroso: tratava-se do rapper londrino Maxwell Alexander Fraser, o Maxi Jazz. Esquálido, olhar profundo, movimentos lentos... é dele a voz gutural e perturbadora de "Insomnia". Musicalmente, a banda estava muito bem amparada pela dupla Ayalah Bentovim (Sister Bliss, multi-instrumentista) e Rollo Armstrong (produtor e irmão da cantora Dido), responsáveis pela linha de baixo furiosa e pela produção notável da faixa. Fundindo trance e eurohouse sob uma ótica escurecida, o single foi sucesso no mundo todo, e abriu caminho para um padrão Faithless de eletrônica de pista que gerou outros mega hits como "God Is A DJ" e "We Come One". A banda acabou ano passado, mas "Insomnia" fica como um dos maiores hinos da dance music de todos os tempos.

"Insomnia": I can't get no sleep.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Come Quieto na Pista


Digitaria é o duo mineiro Daniela Caldellas e Daniel Albinati. Com dois álbuns no portfólio (o debut saiu pelo conceituado International Deejay Gigolo Records, selo alemão de propriedade do DJ Hell), a dupla chega agora ao terceiro extended play (Masochist EP, pela inglesa Hot Creations).


O trio belo-horizontino Funky Fat participa em duas faixas ("Masochist" e "You Bring Me Down"), ambas cruzando indie rock e electro, com basslines fortes e vocais à Lovefoxxx. Já "Crazy Life" e "Paradise" engatam um tech-house 4/4 mais linear e bem simpático à pista de dança. Vale conhecer.

"Crazy Life": "...I felt smaller before".
DIGITARIA - Crazy Life (original mix) // Out on Beatport by Digitaria

Funk na Obra


Com a parada por tempo indeterminado da banda porto-alegrense Ultramen, o vocalista Tonho Crocco lançou seu primeiro álbum solo no final de 2010. O Lado Brilhante da Lua traz grooves redondinhos e suingados, numa boa fusão samba/soul/funk com jeitão de Tim Maia setentista. Uma das faixas do álbum ("O Conjunto da Obra") reaparece agora remixada pelo DJ BandeiraBeats. O sample da base é de "Feel That You're Feelin'" soul/funk relax do Maze, de 1979. Vale um confere.


"O Conjunto da Obra": suingue gaudério.
  
TONHO CROCCO - O CONJUNTO DA OBRA (RMX) Prod. @DjBandeiraBeats BRAZILIAN BREAK BEATS by TonhoCrocco

terça-feira, 3 de julho de 2012

Happy Birthday To...


 
Vincent John Martin, o Vince Clarke. 52 anos hoje. Músico, compositor, produtor. Depeche Mode, Yazoo, Erasure. Sua frase "Não tenho muita habilidade para teclados, tenho que apertar uma tecla de cada vez" é minha preferida dele. Imagina se tivesse, Vince. Imagina se tivesse.

 "Don't Go", do Yazoo. Alison Moyet nos vocais. Que Adele que nada.

The Fake Mode

Martin Gore, o Mão Santa do Depeche Mode.
Por ocasião do recém lançado S.T.O.P. (décimo primeiro álbum dos alemães do And One), fiquei pensando no tanto que o Depeche Mode fez a cabeça desse pessoal. Mas o And One não está sozinho. Abaixo, três exemplos de como seguir à risca os passos dos seus ídolos:


And One

Esse cabelo do vocalista Steve Naghavi aí acima é inspirado em quem? Dave Gahan, circa 1990. Mas curiosamente, Naghavi não passa nem perto de cantar como Gahan. E musicalmente, Depeche e And One não tem muito a ver. O And One pratica um EBM pesado, sombrio, e por vezes, dançante. O primeiro single da banda ("Metalhammer", 1990) mescla industrial e synthpop (gêneros que o Depeche soube explorar muito bem), num hit de pista doentio. A melhor música da banda alemã é, sem dúvida, "Sometimes", de 1997:




De/Vision

Mais germânicos: o De/Vision está na ativa desde 1988. Aqui o caso é mais grave: a inspiração beira a imitação. Os singles do grupo parecem acompanhar os passos do Depeche: a ótima "Heart-Shaped Tumor" lembra "Only When I Lose Myself", "Strange Affection" parece com "Barrel Of A Gun", "Rage" (com vídeo inspirado em "It's No Good", de adivinha quem?) soa como "Wrong"...



Color Theory

Projeto do americano Brian Hazard. Tecladista e cantor, tá na cara que Brian paga um pau pro Martin Gore. Canta, geme e solta aquele vibrato igualzinho ao principal compositor do Depeche. Cometeu a façanha de produzir, provavelmente, o pior álbum de covers dos ingleses de todos os tempos: Color Theory presents Depeche Mode, de 2003. É nesse disco que está essa versão lamentável de "I Want You Now":

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Michael Jahckson

O Easy Star All-Stars é um coletivo de reggae mezzo jamaicano mezzo americano. Reúne músicos e cantores do gênero, e oficialmente, grava desde 2003. O lance deles é curioso: regravar álbuns clássicos em formato de reggae. Poderia até ser um negócio meio oportunista, mas uma ouvida no trabalho da banda evidencia o talento dessa tchurba em verter coisas improváveis no ritmo abençoado por Jah sem objetivos comerciais claros. O barato aqui é provar que qualquer coisa pode virar reggae dos bons: até Pink Floyd e Radiohead. Foi assim que eles lançaram a primeira parte do projeto: Dub Side Of The Moon (2003), que nem preciso dizer que disco da banda de David Gilmour os Stars homenageiam. Em 2006 veio mais um ótimo trocadilho (Radiodread), e um álbum inteirinho de reggae em cima de OK Computer do Radiohead. Finalmente em 2009 foi a vez dos Beatles e seu Sargento Pimenta em Easy Star's Lonely Hearts Dub Band.

O mais novo desafio do Easy Star é ver o que aconteceria se o disco mais vendido de todos os tempos (Thriller, de Michael Jackson) tivesse sido gravado em Kingston. Nada fácil mexer com esse vespeiro, mas os Stars se dão bem, sim. Respeitando até a ordem das faixas, começam com uma "Wanna Be Startin' Somethin'" cheia de metais, mas sem o nheco-nheco do reggae: é num funk cru e redondinho que eles suam os dreadlocks. "Baby Be Mine" vira um ska de lindos vocais, "The Girl Is Mine" sai do pop romântico original e vai pras praias ensolaradas do Caribe (junto com Steel Pulse), "Thriller" ganha um baixo orgânico musculoso (substituindo o groove sintetizado original), enquanto "Beat It" cai de rotação numa batida preguiçosa. "Billie Jean" vem cheia de ecos dub e "Human Nature" parecia estar esperando por uma versão jamaicana de tão bem encaixada que ficou. Pra completar a sequência original, "P.Y.T. (Pretty Young Thing)" e "The Lady In My Life" são mais relaxadas e doces com seus vocais femininos. Pra fechar o álbum, dois dubs siderais: "Dub It" (feita a partir de "Beat It") e "Close To Midnight" (de "Thriller"). O esmero e a musicalidade empregadas em Thrillah não deixam dúvidas sobre a relevância da homenagem: passa longe de um simples álbum de covers. Certeza que Michael Jackson aprovaria.

"Billie Jean": vou apertar, mas não vou acender agora.

domingo, 1 de julho de 2012

Marrom Desbotado

Mensagem subliminar? Adam Levine é o único descalço.
 Grupos pop de sucesso viram alvos fáceis muito rapidamente. Ninguém aguenta esse povo no topo por muito tempo. Há exatos dez anos, o Maroon 5 apareceu com o funk albino de "This Love" e de lá pra cá não parou de empilhar hits. Tá na cara que os californianos são uma banda de singles e são só deles que você lembra, não dos álbuns.    


Parecendo querer dar uma cutucada nessa história, os marrons chamaram seu disco mais recente de Overexposed. É como - provavelmente - eles tem se sentido desde seu debut, que já foi sucesso de cara. Não acho que isso deva estar torturando esses caras tanto assim a ponto de colocar essa angústia nas letras ou os fazendo passar pelo dilema do pop star atormentado com o sucesso, mas que a pressão deve estar influenciando na música, eu não tenho dúvida. Porque qualquer coisa que venda metade das absurdas 10 milhões de cópias que o single Moves Like Jagger (do ano passado) vendeu, é potencialmente um fracasso. A fraca "Payphone" (com participação do mano Wiz Khalifa), primeiro single, foi número 2 na parada americana, e foi pro topo na Inglaterra. Bom. Já a reggatta de blanc "One More Night" não passou da incômoda quadragésima segunda posição na América. Sinal amarelo. E era isso. O restante de Overexposed varia entre tentativas de aproveitar uma sobrinha de "Moves Like Jagger" (com sua prima "Lucky Strike"), o falsete cansativo de Adam Levine e um cover particularmente horrendo: o Maroon 5 transforma o clássico "Kiss" (Prince) no blues mais canalha da história. Pra mim não faz a menor diferença se o Maroon 5 veste Versace ou come metade do cast da Victoria's Secret, desde que seus singles mantenham um jeito "Makes Me Wonder" de ser. Mas das faixas desse Overexposed, nem cheiro. Férias, pessoal.

A boa "One More Night": Rocky Levine.