sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sexta Feira Bagaceira: Bad Boys Blue


"_ Tu curte Pit Shop Boys?"
Levei cinco segundos pra entender que o dono da loja de discos que eu frequentava no comecinho dos 90 estava se referindo à Neil Tennant e Chris Lowe.
"_ Curto, claro."
"_ Pois é... esses caras aqui são muito parecidos!"
Ele segurava uma cópia de The Fifth, um título bem original para o quinto álbum do Bad Boys Blue, lançado em Outubro de 1989. Os Bad Boys originais eram o trio Trevor Taylor, Andrew Thomas e John Mclnerney, baseados em Colônia, na Alemanha, por obra do produtor Tony Hendrik, que criou o grupo. Foram bem populares na Europa e relativamente conhecidos na América do Sul. Mas o som não tinha muito a ver com os Pet Shop Boys, como tentava me convencer o dono da loja. E, claro, isso eu só fui discernir anos mais tarde. Em 1990, pra mim, era tudo igual. Na real, a música dos Bads rivalizava mesmo com a eurodisco melosa do Modern Talking, não com a sofisticação rítmico/melódica dos Pet Shop Boys. As letras também deixavam claro o oceano de distância. Repare no refrão de "You're A Woman", primeiro grande hit da banda: "You're a woman i'm a man / This is more than just a game / I can make you feel so right / Be my lady of the night". Era nessa onda aí: totalmente descompromissada. A letrista do projeto, Karin Hartmann (esposa de Hendrik) não queria nem saber o preço do dólar, o negócio dela eram emoções baratas no banco de trás. Outros hits vieram: "(A World Without You) Michelle", "Hungry For Love", "How I Need You", "Come Back And Stay", "I Wanna Hear Your Heartbeat" (essa até ganhou uma lamentável versão aqui no Brasil, pelos gaúchos da banda Barbarella: virou "Só Uma Canção", sente o drama). Dois membros já partiram desta para melhor (Taylor e Thomas) e o britânico John Mclnerney segue gravando e segurando o nome do grupo.


"Kisses And Tears" é o quarto single do trio, lançado em 1986. Não tem o vigor de outras faixas mais conhecidas do grupo, mas passeia com desenvoltura pela ítalo-disco de Savage e Gazebo, com um refrão tristonho e um apelo dançante de movimentos mais lentos. Quem liga para noções como originalidade e inventividade, se a música do Bad Boys Blue é esse bubblegum technopop grudento e divertido?

"Kisses And Tears": santa ingenuidade, Batman.


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Experimentar (Não) É Preciso

 Das duas uma: ou discos de eletrônica experimental faziam sentido pra mim só no século passado ou não tenho mais paciência pra gente que se autoproclama artista antes de qualquer coisa (músico, por exemplo). Nem sei se essa autoproclamação é o caso do francês Quentin Dupieux (Mr. Oizo) ou do americano Dayve Hawk (Memory Tapes) - espero que não - mas seus discos mais recentes são chatos pra cacete.
  

O título Unreleased Unfinished Unpleasant é a melhor coisa dessa compilação de sobras de Mr. Oizo, porquê explica exatamente o que são as 12 faixas: não lançadas, inacabadas e desagradáveis, conforme tuíte do próprio:

Ele podia ter substituído o "prepare seus ouvidos" por "prepare seu saco". E dá-lhe timbres esquisitos, ritmos trôpegos, sequências irritantes. Não admira ele ter disponibilizado de graça essa tranqueira.

"Duck Guts": e esse tecladinho?





Já o Memory Tapes é o cabeçudo da história. Profundo, folkeado, onírico. Três adjetivos que indicam perigo quando reunidos em disco. Cuidado.

"Sheila": oito minutos e meio. Sono.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Segunda Class: Bryan Ferry


Se eu te perguntasse qual é a melhor música dos 80, o que você responderia? Eu afirmo sem pestanejar: pra mim é "Don't Stop The Dance", de Bryan Ferry. Lançada como segundo single do sexto álbum solo do cantor inglês (Boys and Girls, de 1985), a música é exatamente como Ferry: elegante, sofisticada, sedutora. Hoje - aos 67 anos e na ativa - a voz já não é a mesma, mas "Don't Stop The Dance" capta Bryan Ferry no auge. Clássico à prova do tempo.

"Don't Stop The Dance": como o vinho.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Pop Song do Mês: Charlotte Sometimes


Não jogue essa moça na vala comum onde estão Ke$ha, P!nk e Kelly Clarkson. Ela não merece. Jessica Charlotte Poland não usa auto-tune e não grava vídeos com festinhas teen como pano de fundo. Ela toca, compõe e extraiu seu nome artístico do livro infantil homônimo, mesmo tema que inspirou a clássica canção do The Cure. Já é sinal de bom gosto, hm?


Seu EP mais recente - Circus Head - está aí. Com folk ("Second Best"), country ("Paint the Sky"), pop à Shania Twain ("Make Love to a Stranger") e uma marchinha deprê ("Circus Head"), pra mostrar que dá pra ser um pouco mais criativa no que tange aos arranjos do que essas gurias pós-American Idol. E tem "Brilliant Broke and Beautiful", uma delicinha de três minutos e meio, pra tamborilar os dedos. Boa menina.

 "Brilliant Broke and Beautiful": os melhores três minutos do mês.


terça-feira, 20 de novembro de 2012

O Eterno Verão do Reggae

 
Este vai ser o verão do reggae. Você sabe. Calor, cerveja, praia, as gurias de biquíni. Que trilha melhor do que as boas vibrações, os ritmos tranqüilos, os vocais sossegados e as levadas preguiçosas do reggae?

 
OK, infelizmente é mentira. A cada fim de ano que se aproxima eu começo a pensar que esse gênero podia impregnar os três meses escaldantes que se aproximam. Mas não. Fora Kingston e São Luís, este não vai ser o verão do reggae. Pro resto de nós, vai ser o verão de alguma coreografia ridícula e digna de riso, criada por algum grupo de axé, ou pior, de funk carioca. Vai ser uma dança certamente erotizada que vai sugerir que você sente ali, desça aqui, vire do avesso lá, e se der tempo, dê uma chupadinha em alguma coisa, lamba outra, enfim. Tudo com letras explícitas cheirando a pornografia barata. Aqui no Brasil é assim, fazer o quê? Bom, você pode pelo menos não ser cúmplice dessa chinelagem toda. Sugiro o novo álbum de Beres Hammond como primeira medida. Este respeitável senhor de 57 anos - 40 deles dedicados ao gênero - acaba de lançar seu décimo nono disco de inéditas. São 20 canções que emanam os aromas suaves da fatia romântica do reggae, o lovers rock (sua especialidade), impulsionadas pelo voz de Hammond, puro soul. São levadas irrestíveis ("In My Arms"), refrãos ganchudos ("Lonely Fellow"), convites à dança ("Keep Me Warm"), ska em slow motion ("Don't You Feel Like Dancing"); pra ficar só em 20% do álbum. O resto você vai ter que descobrir. E vale muito a pena.

"In My Arms": Beres canta macio. 



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Segunda Class: The Style Council


The Style Council foi a dupla britânica Paul Weller (ex-The Jam) e Mick Talbot. Durou de 1983 à 1989. Uma parte da imprensa musical da época tentou jogar seus álbuns num balaio de gatos chamado New Bossa (junto com gente como Sade, Matt Bianco e Everything But The Girl), mas o gênero popularizado por Tom Jobim e João Gilberto pouco tinha a ver com o trabalho do grupo. A jogada aqui era pop jazzístico, classudo, soul de plástico bem intencionado.  

 
"Long Hot Summer" foi o terceiro single do duo, lançado em Agosto de 1983. É uma canção sofisticada, marcada pela linha sintética do baixo, com um efeito elástico sensacional. Coincidentemente, o verão inglês de 1983 - especialmente o mês de Julho - foi um dos mais quentes da história. Prevendo o calor sem querer, Weller e Talbot gravaram "Long Hot Summer" em Junho, na França.

 Style Council: verão chegando.

domingo, 18 de novembro de 2012

Vai Wilson, Vai

Greg Wilson e seu player de fitas de rolo, Revox B77.
Em 2007 saiu um 12" duplo com lados B do Groove Armada recauchutados pelo mestre Greg Wilson. O problema? A tiragem foi limitada à parcas 300 cópias.

Groove Armada.
Agora no comecinho de Novembro, o selo grego Chopshop relançou o EP de remixes em formato digital.


A onda é electro ("The Girls Say"), nu-disco ("DIY Disco") e deep house ("Love Sweet Sound"). Fora o freestyle sem graça de "Save Our Soul", esse EP se sai melhor que No Ejector Seat, o último de inéditas do Groove Armada.

"Love Sweet Sound": sample de Candi Staton.

sábado, 17 de novembro de 2012

O Mensageiro


Johnny Marr, 49 anos, ex-um monte de banda boa e meu guitarrista preferido, está prestes a lançar seu primeiro álbum solo: The Messenger está previsto pra Fevereiro do ano que vem. O vídeo da faixa-título já saiu. Simpatia instantânea: as palhetadas certeiras de Marr na sua Rickenbacker velha de guerra montaram mais um riff memorável pra sua carreira. E fora o baixo cheio de referências disco, a camada macia de teclados, a pegada pop, e fora que esta é a melhor canção pop rock do ano, Marr - pra minha total surpresa - canta maravilhosamente bem. Nunca é tarde, meu velho.

"The Messenger": sublime.
 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Sexta Feira Bagaceira: Bizz Nizz


Bizz Nizz foi um projeto de dance music idealizado pela dupla belga de produtores Peter Neefs e Jean-Paul De Coster (este também responsável pelo 2 Unlimited). Como seus fundadores estavam envolvidos em outras picaret... digo, em vários projetos paralelos simultaneamente, o Bizz Nizz tinha um ritmo de produção bem lento: foram exatos seis singles lançados em nove anos de existência. O som é tipicamente acid house - com o uso característico e absolutamente inventivo das oscilações do baixo sintético da Roland TB-303 - mas muita gente tratou de encaixar o grupo na então febre belga do new beat. "We're Gonna Catch You!" foi o primeiro 12", ainda em 1989. A obsessão de Neefs e De Coster parecia ser encontrar o riff perfeito. Em "We're Gonna Catch You!", fica difícil definir de onde vem esse gancho. São sintetizadores reduzindo o tamanho de uma orquestra à algumas teclas, ou é um sampler adulterando sons regidos por algum maestro? Bom, não tenho a resposta, mas o riff é espetacular. O Bizz Nizz teve um hit ainda maior em 1990 com os bleeps techno mixados com o baixo cavalar e o rap de rimas constrangedoras da boa "Don't Miss The Partyline" (chegou à número sete no paradão inglês), mas depois diluiu o som com refrãos mais pop e bases house fáceis de encontrar em qualquer similar do gênero na época ("Get Into Trance"). O debut permanece insuperável.

"We're Gonna Catch You!": riff sedutor.




quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Jay Lumen Lazy


As idéias do húngaro Csaba Lumnitzer tem variado minimamente, nos últimos tempos. Single após single, a gente já sabe que vem mais daquele tech house de grooves bem robustos. Mas se eficiência é o objetivo, "Get Ready" é o que há. É o novo 12" que ele lança sob o pseudônimo Jay Lumen.

"Get Ready": sample da voz de Doug Lazy no balaço "Let The Rhythm Pump"

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Prodstep


The Prodigy emerge em 2012 pra dar uma atualizada no seu som. Se bem que 15 anos se passaram e o absurdo The Fat Of The Land nem envelheceu tanto assim.


"Smack My Bitch Up" aparece remixada pelo trio holandês Noisia. A selvageria do breakbeat original continua comendo solta, mas agora tem uns baixos oscilantes e aquela bateria lenta e espancada do dubstep estrategicamente colocados no meio do caos. Já "Breath" ganha uma versão electro-alucinada pela dupla Zeds Dead. Pra dar uma impressionada na pista com esses remixes, tá valendo. Mas os originais ainda são insuperáveis.

"Smack...": espanque a sua vagabunda.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Back To The Trip


Seria o trip-hop o revival do ano? São dezenas de lançamentos que, embora sem atingir o mainstream, tem feito a alegria dos admiradores do gênero. Mas se há um movimento crescente e discos sendo lançados, porque isso não deslancha numa proporção parecida com a que aconteceu com o Portishead em 1994? Resposta: discos ruins. Como esse An Omen, EP do How To Destroy Angels, projeto paralelo de Trent Reznor. Ou seja, esse pessoal tem a forma, o conceito, mas falta o principal: o conteúdo. E obviamente não há cena ou hype que sobreviva sem boa música.
 

Em An Omen, um ponto para a cambaleante "Keep It Together" e menção honrosa para a boa "On The Wing". As outras quatro faixas não convencem. "The Sleep Of Reason Produces Monsters" poderia ser uma canção de ninar produzida por Stephen King, "The Loop Closes" é algo entre eletrônico e industrial que o Nine Inch Nails gravaria, "Ice Age" é um folk minimalista sonolento e "Speaking in Tongues" gasta sete minutos com dissonâncias e um ritmo trôpego sem estimular muito o ouvinte.

"Keep It Together": Portishead feelings.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Segunda Class: Skye


Skye Edwards lançou no final de Outubro seu terceiro álbum solo, Back To Now. Muito bom poder ouvir a voz abençoada da vocalista do Morcheeba num disco um pouco mais uptempo do que o habitual. Quer dizer, ainda há uma carga emocional forte em suas canções (ouça a pesada "Dissolve"), cordas comoventes ("Nowhere"), sintetizadores sinistros ("Featherlight"), mas as batidas não se arrastam, chapadas, como nos álbuns de sua banda titular (especialmente os dois primeiros, Who Can You Trust? e Big Calm - ambos ótimos, no entanto). Recomendadíssimo pra ouvir numa segunda à noite, sem pressa.

"Featherlight": embalos de segunda à noite.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

School Dança


Essa "Secret Days" do EP novo do School Of Seven Bells (Put Your Sad Down) tem uma vibe "My-Bloody-Valentine-remixado-pelo-Andrew-Weatherall", procede?



A despeito da capa que mostra Benjamin Curtis empunhando uma guitarra, a dupla nova-iorquina coloca mesmo a eletrônica em primeiro plano nas cinco faixas de Put Your Sad Down. Só que a banda não usa isso como muleta pra tornar suas canções mais aprazíveis: os sintetizadores e os ritmos ditados pelas baterias eletrônicas acompanham os belos vocais de Alejandra Deheza, sempre com um pezinho acertando no dream pop e o outro pisando no que ainda resta de darkismo no rock. É a levada mecânica meio desengonçada da faixa-título, são os arpejos e a bateria forte da linda "Faded Hearts" (imagine Cocteau Twins no case de Gui Boratto), é a perfumaria oriental de "Lovefingers" e é o techno engrenado e sombrio de "Painting A Memory". Achei esse EP tão animador que pra mim já é a melhor coisa que o School Of Seven Bells lançou. Nem seu álbum mais recente (Ghostory, saiu em Fevereiro desse ano) me pareceu tão coeso. Fora que pode pintar remixes bacanas das faixas de Put Your Sad Down.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Towers Of Dub

Dois craques do dub com álbuns fresquinhos:
 
Mad Professor (Neil Fraser) já trabalhou com uma pá de gente bacana, produzindo e remixando. Lee Perry, Massive Attack, Sade, The Orb, The KLF, Jamiroquai, Depeche Mode e Beastie Boys já tiveram uma mãozinha do bruxo de estúdio mais famoso nascido na Guiana (e que vive em Londres desde os 13 anos de idade).


Seu The Roots of Dubstep não é um álbum do gênero, mas deixa bem claro para as novas audiências onde o dubstep foi buscar parte do seu som (especialmente no que diz respeito às baixas freqüências). Atenção para seus alto-falantes ganhando vida própria com o deslocamento de ar causado pelos baixos de "Inverted Minds", "Spa Dub" e "Costa Chica". E ainda tem um incomum solo de trombone em "Concrete Bunker", a flauta serpenteante de "Return of The Mandinka" e aqueles teclados partindo pro infinito com os ecos de "Slave Catcher" (abaixo):





Jah Wobble é o britânico John Wardle, baixista do seminal grupo pós-punk Public Image Ltd (junto com o vocalista John Lydon e o guitarrista Keith Levene). Influente, eclético e prolífico, a lista de artistas que já trabalharam com Wobble nem cabe aqui, mas no Discogs dá pra ter uma idéia.

Wardle chamou Keith Levene pra gravar um novo álbum (a parceria entre ambos não acontecia desde o clássico Metal Box do PiL, lançado em 1979). O resultado é imediatamente menos dançante e acessível em comparação à The Roots of Dubstep de Mad Professor, mas em Yin & Yang a psicodelia é uma das forças motrizes do disco (os solos lânguidos de Levene em "Back on the Block" e "Within You Without You" são um bom exemplo disso). Ainda tem espaço pro jazz em "Fluid", a aridez do baixo de Wooble em "Jags & Staffs" e o clima sessentista de "Mississippi". Yin & Yang não é especificamente dub, mas Wobble sabe misturar como poucos.

"Mississippi": o peso das quatro cordas.

Mississippi by cherryredrecords

Pós Qualquer Coisa


Cheiro forte de Arcade Fire no som do Post War Years, especialmente na faixa-título de seu novo EP, The Bell.

 
"Boing" e "Ghosts" enveredam pelo caminho do indie rock de batidas frenéticas de gente como Two Door Cinema Club, e "Pigeon" talvez seja o que hoje é conhecido como post-rock: torta, sem estrutura definida, experimental. Um saco, resumindo. Bom, fora a legalzinha "The Bell", a melhor coisa do EP é descobrir por tabela o ótimo remix do Everything Everything pra essa faixa. Aí sim:
 

The Bell (Everything Everything remix) by Post War Years

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Poder Renovado


Saiu no começo de Outubro um EP de remixes dos russos do Pompeya, o Power (Remixes).


Numa vibe meio indie meio disco, o Pompeya descolou uma boa track - que melhorou bastante em relação à original, especialmente com a levada baleárica do Zimmer. Pianos ítalo saltitantes e refrão num falsete MGMT. Funciona, hein. Vale o confere:



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Good Vibrations

 
Cabou de sair single novo de Chris Malinchak, pela French Express (respeitável gravadora de deep house/nu-disco).  



"So Good To Me" é uma house bem relax, com sample do côro feminino de "Back To Life" do Soul II Soul e vocais encharcados de reverb. 

"So Good To Me": boas vibrações.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Segunda Class: The Future Sound Of London



Desconfie de mim quando eu escrever sobre o Future Sound Of London. Opinião de fã não dá pra levar muito a sério. 


Fato é que Garry Cobain e Brian Dougans mergulham de novo no seu interminável catálogo de raridades, inéditas, versões alternativas e afins, para chegar no volume 7 da coleção From The Archives (o mais recente foi lançado em 2010). O disco capta a dupla em mais uma série de incursões por alguns dos territórios mais exóticos da eletrônica, do futurismo enegrecido de "War Machines" à curiosos encontros musicais do primeiro com o terceiro mundo ("Many Moons Away"). A calmaria zen de faixas como "Must Be Mistaken" e "Temples" quebra um pouco da tensão que domina boa parte das 16 faixas, todas com uma diversidade absurda de texturas e timbres. É apertar o play e se teletransportar.
"Walls Of Thought": às vezes assusta.


Happy Birthday To... Bryan/Ryan Adams

Ryan e Bryan
Você ainda confunde o canadense Bryan Adams com o americano Ryan Adams? Isso não é nada. Estranho mesmo é descobrir que os dois fazem aniversário no mesmo dia.

Bryan e "Heaven": o cara tem a manha com o mela-cueca.

Ryan Adams: country alternativo. Alternativo à quê? É a pergunta.



domingo, 4 de novembro de 2012

Hercules No Teto


Quem acha que dance music ao vivo é playback ou não funciona, tem que assistir o vídeo abaixo. Trata-se do Hercules and Love Affair, projeto do DJ e produtor Andy Butler, flagrado no topo de um prédio em Nova Iorque para o mini-especial Don't Look Down (o nome é bom) do Pitchfork TV. São quatro canções extraídas de um dos melhores álbuns de dance dos últimos 10 anos, Hercules and Love Affair, de 2008.

Dá uma sacada na "You Belong" original, uma house cheia de pianos flutuantes e baixo carregado de efeito:
 


Agora, olha as soluções criativas que a banda arrumou pra apresentação: baixo marcadinho, bateria disco e o vocal da ótima (em todos os sentidos) Nomi Ruiz - que de tão bom, torna a presença de Antony Hegarty desnecessária nessa versão:
 

E essa Nomi, hein? Coisa linda.

Não Há Vida Em Marte


"Queremos que o máximo de pessoas compre nossos discos. Qual o sentido em lançar um disco que vai ser comprado por umas cem pessoas?". Sempre que ouço álbuns como WOW - mais recente do duo alemão Mouse On Mars - lembro dessa frase de Andrew Fletcher, do Depeche Mode.


Não acredito que isso tire o sono de Jan St. Werner e Andi Toma, mas pra uma banda que lá na metade dos 90 chegou a ser exageradamente apontada como "o novo Kraftwerk", WOW é só um apanhado de 13 faixas de eletrônica experimental que soa estéril ("SUN"), vazio ("ACD") e por vezes, inaudível ("DOG"). Isso rende até pauta pro Globo Repórter. Já vejo o Sérgio Chapelin na chamada, com a mãozinha em riste, impassível: "_ Quem são os fãs do Mouse On Mars? O que fazem? Onde vivem?"

"HYM": a caixa alta faz parte do conceito (acho).

Polska Pop


Sei não. Às vezes acho que esse pessoal exagera nas referências oitentistas. Tipo essa "Sulk", single novo do trio polonês Kamp! (a exclamação é parte do nome da banda, não é que eu esteja tão empolgado assim com a música). Mas qual é a intenção desses polacos? Ser o novo Spandau Ballet?


"Sulk": só faltou o Tony Hadley.


sábado, 3 de novembro de 2012

Coletivo de Remixadores

 
Andre Allen Anjos saiu de Portugal (Porto, mais especificamente) em 2005 rumo aos Estados Unidos. Em 2007, em Portland, fundou o RAC (Remix Artist Collective), um grupo de produtores unidos nessa arte de oferecer sua própria visão sobre a música alheia.



O RAC agora estréia com material próprio: "Hollywood" é uma ótima pop song com vocais de Chris Glover (o até agora subestimado Penguin Prison). Os cinco ótimos remixes que vem no pacote incluem gente do primeiro escalão como Treasure Fingers e Felix Da Housecat, mas o melhor foi feito pelo DJ e produtor australiano Cassian. Sua versão de "Hollywood" saiu prontinha pra qualquer pista. Outra ótima notícia: o single está disponível pra download gratuito no Green Label Sound, selo do RAC. Não perca tempo. 

"Hollywood": Penguin solta o bico.


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Faminto



Chad Valley é o britânico (de Oxford) Hugo Manuel. Depois de três EPs e um mini-album em vinil (lançado ano passado), Valley acaba de debutar pra valer com Young Hunger.

 
A música em Young Hunger é uma espécie de R&B com roupagem technopop. Imagina Jimmy Jam e Terry Lewis produzindo Tears For Fears. É por aí. E Manuel canta demais. Falsete afinado, sua voz sugere um Roland Orzabal ruivo e meio desajeitado. Mesmo cantando desse jeito, ele divide boa parte das 11 faixas com gente como Orlando Higginbottom (Totally Enormous Extinct Dinosaurs), em "My Life Is Complete" (eu saquei a chupada na melodia de "The Captain Of Her Heart" do Double nessa faixa, OK?) e George Lewis Jr. (Twin Shadow), em "I Owe You This". E às vezes Hugo nem canta. Ele se contenta em montar uma base onírica de sintetizadores para a excelente performance vocal da norueguesa Anne Lise Frøkedal (na ótima "Fathering / Mothering"). Só achei desnecessário o som xinfrim do auto-tune pra dar uma maquiada em "My Girl", mas esse é um dos poucos deslizes do disco. Young Hunger é um bom álbum. Só a produção que é ralinha, o que tira um pouco a força dos arranjos. Ou será que foi intencional soar meio chocho, pra conferir uma certa autenticidade oitentista pro disco? Chad Valley junta-se à Twin Shadow, Penguin Prison e Frankmusik, como mais um bom nome que faz pop eletrônico honesto e com boas referências. Agora só falta reconhecimento que signifique vendas satisfatórias e shows com gente interessada em música especialmente bem feita.

"Tell All Your Friends": falsete em alta freqüência.