Músico, compositor e produtor, SOHN (o britânico Christopher Taylor) debutou em 2014 com um bom álbum (Tremors) e um single fantástico ("Artifice"). Tremors deixou a sensação que SOHN pode chegar mais longe (leia-se tocar nos players de mais pessoas sem diluir o som) e a julgar pelas três pistas que ele deixou em 2016 (uma delas, "Signal", tem participação de Milla Jovovich no vídeo), é bem provável que isso aconteça no próximo disco, que sai ano que vem. A ótima "Conrad" - que também foi lançada como single - mantém o cuidado com os vocais, emoldurados pelo beat sexy do R&B sintético e um tiquinho experimental de SOHN. Sempre é bom ouvir canções pop desse nível, melhor ainda ver um artista novo arriscando direcionar o gênero para lugares menos iluminados sem soar excessivamente abstrato ou árido.
sábado, 31 de dezembro de 2016
Melhores do Ano - Músicas (#16: SOHN)
Músico, compositor e produtor, SOHN (o britânico Christopher Taylor) debutou em 2014 com um bom álbum (Tremors) e um single fantástico ("Artifice"). Tremors deixou a sensação que SOHN pode chegar mais longe (leia-se tocar nos players de mais pessoas sem diluir o som) e a julgar pelas três pistas que ele deixou em 2016 (uma delas, "Signal", tem participação de Milla Jovovich no vídeo), é bem provável que isso aconteça no próximo disco, que sai ano que vem. A ótima "Conrad" - que também foi lançada como single - mantém o cuidado com os vocais, emoldurados pelo beat sexy do R&B sintético e um tiquinho experimental de SOHN. Sempre é bom ouvir canções pop desse nível, melhor ainda ver um artista novo arriscando direcionar o gênero para lugares menos iluminados sem soar excessivamente abstrato ou árido.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
Sexta Feira Bagaceira: 2 Unlimited
O 2 Unlimited foi ideia dos produtores belgas Phil Wilde e Jean-Paul De Coster, com os holandeses Anita Doth (vocalista) e Ray Slijngaard (rapper) na linha de frente. Um dos projetos de eurodance que mais acertou singles e álbuns no alvo (foram mais de 18 milhões de cópias vendidas), o 2 Unlimited sempre teve recepção fria por parte da crítica especializada, que via a banda como uma boa trilha para academia, e só.
Mas essa armação dançável teve lá seus momentos. Repare no single "The Magic Friend", lançado em Agosto de 1992. Dizem que sua linha principal de sintetizadores foi sampleada de "Are Friends Electric?" de Gary Numan. Os timbres até lembram, mas... não tenho essa convicção. Bom, é esse riff poderoso que acaba sendo o gancho mais forte de "The Magic Friend", bem mais do que o refrão. O rap de rimas fracas de Slijngaard faz o meio de campo, Anita Doth quase passa despercebida e o bumbo na casa dos 140 BPM passa por cima do baixo como um trator. Então o que torna a faixa um clássico pra passar vergonha na pista são essas teclas apertadas na hora certa (o boom do 2 Unlimited no mundo inteiro) e no lugar certo (a Europa dominada pelo então onipresente eurodance).
"The Magic Friend": seria esse amigo, elétrico?
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
Melhores do Ano - Músicas (#17: AlunaGeorge)
Começo a desconfiar que a arte do duo britânico AlunaGeorge é destinada pro single. Álbuns já foram dois, o segundo saiu agora em Setembro e ainda dá um certo cansaço ouvir inteiro. Já singles como esse "I'm In Control" destoam do conjunto. Aqui a dupla arrisca uma doce fusão pop/dancehall, com vocais adicionais do jamaicano Popcaan e acerta em cheio na dosagem da mistura.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
Melhores do Ano - Músicas (#18: Leon Vynehall)
O DJ e produtor britânico Leon Vynehall foi um dos nomes mais hypados do mundinho dance em 2016. Seu segundo álbum Rojus (Designed To Dance) fervilha boas ideias, numa house orgânica e percussivamente brilhante. Faixas como essa ótima "Blush" (com um lindo riff de violinos disco) são fáceis de encontrar em meio as oito desse disco, que, se não tem nenhum single memorável assim, de cara, mostra uma coesão do tipo que não te faz querer pular nenhuma música.
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
Melhores do Ano - Músicas (#19: Crystal Castles)
Quatro anos sem gravar até o Crystal Castles aparecer em 2016 com material inédito e vocalista nova. Amnesty (I) não fica nada a dever pra quem achava que o projeto de Ethan Kath ruiria com a debandada da performática Alice Glass. Em "Concrete", especialmente, dá pra sacar que Edith Frances pegou o bastão onde Glass largou, disparando seus trinados quase ininteligíveis sobre a base furiosa de Kath. Um redemoinho de sintetizadores numa das melhores faixas do disco.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
Melhores do Ano - Músicas (#20: Christina Aguilera Feat. Nile Rodgers)
Não parece haver muito o que comemorar num 2016 que levou tanta gente boa da música (David Bowie, Prince, Maurice White e George Michael, pra citar alguns). Com lacunas impreenchíveis, vida que segue.
Seleção deste ano fica com 20 faixas, apenas. Reflexo do pouco tempo que tive pro blog, provavelmente - porque música eu escutei como nunca. Ou como sempre.
#20: "Telepathy" > Christina Aguilera Feat. Nile Rodgers
Inclusa na trilha da série The Get Down (exibida no Netflix), "Telepathy" é uma sessão potente de pop e funk, com o competente e controlado vocal de Aguilera, metais à moda antiga e a mão direita abençoada de Nile Rodgers. Uma grande canção pop que periga ter passado batida em 2016, infelizmente.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
Sexta Feira Bagaceira: Modern Talking
Thomas Anders (Bernd Weidung, na certidão) e Dieter Bohlen sempre carregaram a inevitável pecha de cafona. E, na real, o som era isso mesmo. Letras pueris, hits extremamente parecidos entre si, refrãos preguiçosos e vídeos risíveis de tão ingênuos. A música da primeira fase do Modern Talking (1984-1987) era um mix de disco (baixo com progressão de acordes do tipo "du-gu-du-gu-du-gu", backing vocais exagerados) e a vedete da época, o technopop. Mas deu muito certo, pelo menos comercialmente. Entre singles e álbuns, foram mais de 120 milhões de cópias espalhadas mundo afora. São os artistas germânicos que mais venderam na história.
Quando comecei a me interessar por música pop (entre 1988 e 1989), o som da dupla era figurinha carimbada nas FMs e nas danceterias. Era quase obrigatório tocar "Brother Louie" ou "Atlantis" pra levantar as pistas que eu frequentava. Acho que foi por isso que eles tem um cantinho especial na minha memória afetiva. E, sem pudor, admito que ouço (e gosto, fazer o quê?) de vez em quando o Modern Talking. Você também deve gostar de umas tranqueiras que pelamor... quem não?
"Atlantis (S.O.S. For Love)": inesquecível, para o bem ou para o mal.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
Sexta Feira Bagaceira: Taco
Taco Ockerse nasceu na Indonésia, mas sua carreira engrenou na Alemanha.
Ator, produtor, compositor, escritor e cantor, Taco montou sua primeira
banda em 1979 (Taco's Bizz), mas assinou solo com a Polydor alemã em
1981.
Seu primeiro single saiu em 1982. "Puttin' On The Ritz" é um cover da canção gravada originalmente por Fred Astaire,
em 1930. A idéia era ousada: transformar o swing orquestrado de Astaire
num technopop dominado por teclados e baterias eletrônicas. E deu muito
certo. Foram mais de um milhão de cópias vendidas somente nos Estados
Unidos e a canção ainda entrou no Top 5 de diversos países.
O vocal de Taco - entre elegante e canastrão - casou magistralmente bem com a base sintética, lenta e venenosa. E como referência à Astaire, uma seqüência de sapateado ainda aparece no meio da faixa, entre guitarras funkeadas, percussão e várias amostras absolutamente criativas de timbres de sintetizador. Um single memorável, de um artista que se tornou um dos one hit wonders mais populares dos 80.
No Brasil, "Puttin' On The Ritz" saiu na trilha da novela Eu Prometo, exibida na Rede Globo entre 1983 e 1984.
"Taco": pioneiro do electro swing?
domingo, 11 de dezembro de 2016
Escolha Certa
Mayer Hawthorne tinha tudo pra se transformar no Calvin Harris versão ianque. Os primeiros passos foram semelhantes: estreia promissora, revisionismo, respeito da crítica, atenção do público e a consequente e inevitável aproximação do mainstream. Harris converteu-se num artista dance ordinário, grava com figurões do establishment da música, ganha milhões e coleciona McLarens. Hawthorne continuou destilando seu soul de boa cepa em pequenos selos (à exceção de seu segundo álbum, How Do You Do, que saiu pela Universal) e quase caiu em tentação quando aproximou-se perigosamente do rapper de ladainha fraca Pitbull em 2013 ("Do It").
Felizmente, ao que parece, Andrew Mayer Cohen optou pelo que realmente importa nessa história toda: fazer boa música. Ele possivelmente perdeu público com a escolha, mas acertou pela preferência, porque esse hipotético consumidor de pop rasteiro que coleciona hits no celular tem uma volatilidade totalmente dispensável pra um artista que pensa em seguir carreira fazendo algo relevante. Seu álbum mais recente, Man About Town (2016, Vagrant Records) é mais uma coleção irrepreensível de soul pop sem bolor, sem o ranço "neo-alguma-coisa", excepcionalmente bem produzido (o produtor e DJ belga Vito de Luca - do projeto Aeroplane - e o ótimo Benny Sings estão entre os nomes por trás da mesa de som do estúdio) e, mais importante, delicioso de ouvir. São 10 faixas em pouco mais de meia hora; nada descartável, nada fora do lugar. Longe de ser um disco saudosista, Man About Town aponta para várias direções, entre R'n'Bs sedutores com instrumental cuidadoso e backings maravilhosos ("Cosmic Love", "Book of Broken Hearts"), sacolejos estilosos ("Lingerie & Candlewax", "Love Like That"), blue eyed soul à Hall & Oates ("The Valley"), disco/boogie ("Out of Pocket"), baladas soul viscerais ("Breakfast in Bed", "Get You Back") e até um reggae respeitável ("Fancy Clothes").
Com esse álbum, Mayer Hawthorne merecia bem mais que o modesto nonagésimo lugar que alcançou no paradão da Billboard. Questão é que imagino que ele esteja feliz, mesmo assim. Senão pelos resultados comerciais, pela satisfação pessoal de não se dobrar pra indústria em troca de uns tostões e por continuar fazendo música que coloca um sorriso no rosto de quem se interessa pelo seu incrível trabalho (e não é pouca gente). São trinta minutos de prazer garantido. Não perca.
"Lingerie & Candlewax": uma das faixas de mais um discaço de Mayer Hawthorne.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Sexta Feira Bagaceira: Ottawan
Qual era a boa numa melancólica noite de domingo de 1980? Programão era sentar na frente da TV e assistir Os Trapalhões. Didi Mocó tinha lá sua graça. Num fim de noite desses antes do Fantástico, um esquete do quarteto trazia uma zebra pinguça pra dentro de um bar e... bom, esse não foi dos momentos mais inspirados. A trilha pra dancinha do quadrúpede, no entanto, eu nunca mais esqueci. O refrão pegajoso da brejeira "D.I.S.C.O." da dupla francesa Ottawan me pegou de jeito, do alto dos meus cinco anos. Originalmente gravada na língua nativa, esse funkão de baixo obeso e um pezinho no Caribe chegou ao número dois no paradão britânico com vocais em inglês. O single seguinte - a não menos cafona "Hands Up (Give Me Your Heart)" - também teve bom desempenho nas charts. Mas "D.I.S.C.O." ficou pra posteridade, hit disco já na era pós-disco, que gerou inclusive uma espécie de resposta da dance music contemporânea com o pioneiro do hip-house Doug Lazy e sua ótima "H.O.U.S.E.", de 1990. O Ottawan ainda está na ativa.
"D.I.S.C.O.": acróstico.
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Clássico De Primeira
Dia desses li um negócio que me deixou de boca aberta. "Bette Davis Eyes", hit interestelar da californiana Kim Carnes, foi gravado numa tacada só. Acredita? Eu custei a entender que a versão final não tem overdubs, não foi gravada em canais separados, nada disso. Foi "um, dois, três... valendo!", do começo ao fim. E prensa o single, e põe nas lojas em Março de 1981, e vai pro topo da Billboard (onde ficou por nove semanas), e termina o ano como compacto mais vendido nos Estados Unidos e coroa tudo isso com o prêmio de "Gravação do Ano" no Grammy Awards 1982. O autor da façanha é o produtor Val Garay, que disse ter feito "uns três takes e ter aproveitado um deles", simples assim. "Bette Davis Eyes" foi composta por Donna Weiss e pela cantora Jackie DeShannon - que chegou a gravar a canção em 1975, sem muita repercussão. A composição foi apresentada a Kim Carnes e Garay, que mudaram completamente o direcionamento da música - da letra ao arranjo - e o resultado foi um sucesso estrondoso, número um em 31 países - Brasil, inclusive. A voz rouca de Kim e o riff memorável do então novíssimo sintetizador Sequential Circuits Prophet 5 (sampleado pelo escocês Mylo no hit "In My Arms", de 2005) continuam entupindo pistas até hoje.
"Bette Davis Eyes": de primeira.
domingo, 20 de novembro de 2016
Caras Novas: Pr0files
Pra você, fã de technopop, que anda procurando uma novidade realmente interessante do gênero - que não venha com a clichezada oitentista inclusa no pacote, nem pastiches de Depeche Mode - atenção porque aqui pode estar uma das coisas mais bacanas que apareceram nos últimos anos. Os responsáveis pela façanha são Lauren Pardini (vocais) e Danny Sternbaum (sintetizadores), do Pr0files (grafado assim mesmo, com esse zero no lugar da letra o), de Los Angeles. Seu Jurassic Technologie saiu no final de Fevereiro com onze faixas e tageado pela própria dupla como darkdisco/electropop/synthpop. É um pouco de cada, bem equilibrado, com ótimas composições, potencial pra estourar algum single e uma cantora gata à frente (música pros olhos também é bacana). É um álbum homogêneo, coeso, pop e delicioso de ouvir. Dá pra sacar na faixa no Bandcamp, vai lá e me diz.
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Sexta Feira Bagaceira: Milli Vanilli
Pilatus e Morvan: ternos à Didi Mocó e Grammy na mão. |
A imagem não poderia ser mais emblemática. Rob Pilatus e Fabrice Morvan
segurando - com toda cara de pau do planeta - o Grammy de Melhor Artista
Estreante, entregue em 1990 por seu debut All Or Nothing,
de 1988. O que veio a seguir, você sabe melhor que eu: descoberta a
farsa, Rob e Fabrice não abriam a boca uma vez sequer no disco. Tudo por
conta de vocalistas de estúdio. Resultado: tsunami de processos e
Grammy retirado, até culminar com a morte por overdose de Pilatus, num
quarto de hotel na Alemanha, em 1998.
Cria do produtor alemão Frank Farian (Boney M.), o Milli Vanilli nem de
longe é um caso único do gênero. Samplear vocais sem dar crédito ou
contratar vocalistas sem atributos físicos pra aparecer na capa de um
álbum e nos vídeos, acontecia direto na dance music do comecinho dos 90.
Technotronic, Black Box, C+C Music Factory e 49ers, são alguns exemplos bem conhecidos.
E a música? A dupla, ou melhor, Farian e os verdadeiros cantores,
deixaram alguns singles bem legais. "All Or Nothing", "Girl You Know
It's True" e "Baby Don't Forget My Number" tem exatamente a mesma
estrutura: dance pop que chega no refrão sempre amparado pela bateria
sampleada de "Ashleys Roachclip", do Soul Searchers. "Blame It On The Rain" tem andamento mais lento e "Girl I'm Gonna Miss You", uma baladinha R&B boa pro ritual de acasalamento.
Em All or Nothing, além dos singles de sucesso, tem um
cover de "Ma Baker", originalmente de 1977, do grupo Boney M. Curto a
programação de bateria e esses inidentificáveis violinos
orientalizantes. Até hoje não sei se o som vem de instrumentos ou
sintetizadores. Na real, se nunca me importei com os autores das vozes
gravadas, porque haveria de perder o sono por causa desses violinos?
"Ma Baker": "...please contact the nearest police station..."
terça-feira, 15 de novembro de 2016
Tacadas Certeiras
Já se vão cinco anos desde o debut da dupla italiana (Larry) Tiger & (David) Woods, Through The Green. O misterioso (nomes fictícios para Marco Passarani e Valerio Del Prete) projeto de "future boogie" fez um disco divertidíssimo, discotecou mundo afora (incluindo uma apresentação memorável no Brasil, na edição 2012 do Sonar em São Paulo) e, três ou quatro singles depois, retorna com mais uma batelada de grooves musculosos nas mãos, no lançamento de On The Green Again (T&W Records).
O título entrega uma óbvia continuação do disco de estreia: o som não perdeu um milímetro do foco e isso é ótimo. Samples obscuros colocados em loops infinitos, baixos corpulentos e uma linha que costura a dance do começo dos 80 (especialmente italo-disco e Hi-NRG) às técnicas de edição da house contemporânea. No meio disso tudo, uma palhinha de electro ("Phoenix"), funk (nos metais de "Endless Affair") e disco para todos os lados. On The Green Again parece uma coletânea de singles, todas as faixas tem um gancho forte, seja um sample vocal (como na minha preferida aqui, "Ginger & Fred"), seja baseado em algum instrumento (o piano circular de "Balloon"). Tem um certo clima de déjà-vu no ar, mas o termo Future Boogie parece ter sido cunhado sob medida para a música do Tiger & Woods.
"No More Talking": disco futurista.
domingo, 13 de novembro de 2016
O Calor Do Amor
Quando o primeiro EP do Mahmundi (Efeito das Cores, 2012) pipocou na rede, ouvi uma e outra faixa e achei que não era aquilo que ia fazer com que eu voltasse a ter fé no combalido pop brasileiro atual. Pro meu gosto à época, tinha um cheiro forte de hipsterismo chillwave vindo das seis faixas: oitentista demais, teclados demais, despretensioso demais, Toro Y Moi demais. Decidi que eu não precisava de um outro Silva em potencial - já que nem ele tinha me convencido ainda que seus discos dariam em alguma coisa.
Corta pra 2016: umas semanas atrás, numa navegação aleatória, vi que o primeiro disco do projeto veio à tona. Como o que eu conhecia do som tinha uma base eletrônica forte (o que me agrada), resolvi arriscar. Baixei, ouvi. Não acreditei. Ouvi de novo. E de novo. Passei pelos 43 minutos de Mahmundi (Stereomono/Skol Music) umas quatro vezes na colada, naquele dia. E fiquei pensando na minha falta de paciência com Efeito das Cores. Bem feito pra mim: Mahmundi saiu em Maio e eu cheguei cinco meses atrasado.
O que a carioca Marcela Vale oferece em seu debut é tudo que falta pra quem, como eu, sonha que algum dia a boa música pop triunfará de novo por aqui. Compositora, produtora, multi-instrumentista, esperta, estudiosa, e muito, mas muito talentosa, Marcela soltou um disco inteiro (são dez faixas) com canções acessíveis, cantaroláveis, redondinhas, recheadas de uma eletrônica contida, mas exuberante na escolha dos timbres e precisa na execução e sem deixar de lado as boas letras já percebidas nos dois primeiros EPs (Setembro, de 2013, eu perdi - num misto de preconceito e burrice. Erro já corrigido). Metade das músicas foi pinçada dos EPs e rearranjadas, o que garantiu que a fantástica "Desaguar", por exemplo, ganhasse uma polida no instrumental, fazendo com que o timbre de guitarra do riff principal soe com o dobro da potência original e também fossem providenciados novos vocais, entoados com todo tesão que essa faixa merece: é disparado o melhor refrão que ouvi no pop nacional nos últimos anos.
A ótima "Calor do Amor" (outra de Efeito das Cores) também foi retrabalhada com uma linha de baixo mais elástica, vocal 5% mais rouco e quente, sintetizadores e baterias eletrônicas mais limpos - mas sem qualquer resquício de pasteurização que pudesse tirar a força dos ataques.
Das novas faixas, "Hit" sugere justamente o que o título diz. Injustiça seria essa música não se transformar num dos maiores sucessos de 2016: outro riff brilhante de sintetizador, dinâmica de reggae e uma letra com duas estrofes pra você, eu e todo mundo cantar junto.
Há ainda o R&B estilizado de "Wild", programações espertas de bateria ("Meu Amor"), momentos mais contemplativos (e não menos apaixonados, sem resvalar na pieguice) como "Sentimento" e "Quase Sempre" e - surpresa - no meio de todo aparato eletrônico, Marcela despe-se até sobrarem somente as guitarras da linda "Leve".
Todo sucesso pra ti, Marcela. Esse é o disco do ano, fácil.
domingo, 25 de setembro de 2016
Dez Perguntas Para: Simbolo
Pioneiro e maior nome da Electronic Body Music brasileira, Martin Neto fundou o Simbolo em 1988, tem cinco álbuns lançados (dois de forma independente e três pelo selo Cri Du Chat), um EP (Music From The Masses, lançado na Alemanha pelo selo Subtronic Records, em 1993) e várias faixas espalhadas em coletâneas, no Brasil e exterior. O projeto segue firme e recentemente disponibilizou sua obra em sites de streaming e venda digital, como Bandcamp, Google Play e Spotify (links no final da matéria). O músico e produtor Martin Neto concedeu gentilmente esta entrevista via email:
1) A arte gráfica da tua obra deixa claro que tens forte influência do construtivismo do russo El Lissitzky. Até que ponto isso reflete na tua música?
1) A arte gráfica da tua obra deixa claro que tens forte influência do construtivismo do russo El Lissitzky. Até que ponto isso reflete na tua música?
Sou obcecado pela arte da vanguarda russa, fiz a faculdade de Belas Artes de São Paulo e estudei muito não só o trabalho de El Lissitzky, mas também de Rodchenko e Malevich. Eu mesmo crio e finalizo o design gráfico do Simbolo. Na música isso se reflete de forma natural porque faço uma programação midi geométrica, repetitiva, organizada em blocos e meticulosamente quantizada. Depois que a faixa está pronta, faço uma “limpeza”. Corto as partes desnecessárias para chegar na síntese da ideia. O melhor design é o mais simples. El Lissitzky escreveu que “quanto mais simples a forma, mais necessária é a qualidade e precisão da sua execução.”
2) Já pintou algum convite para algum trabalho em algum projeto mais comercial, voltado ao pop? Já chegaste a pensar em fazer algo do tipo?
Nunca pensei em fazer algo fora do Simbolo. Uma exceção foi o Depeche Mode Cover em 1991, mas durou pouco porque neste ano eu estava gravando o meu primeiro álbum (Le Sacré Du Printemps) e fiquei sem tempo disponível. Sou inclinado a fazer coisas num contexto mais cultural. Toquei com o VJ Spetto no Centro Cultural Itaú e foi muito bom. Pretendo fazer mais coisas assim.
3) Qual a tua relação com o sampler e quais os teus critérios para o uso do instrumento? Já usaste algum trecho gravado de outro artista em alguma composição?
Nunca usei sampler. Só o EXS24 do Logic Pro X, mas como um sintetizador normal. Entre 2002 e 2004 usei um pedaço da introdução de "Carmina Burana", de Carl Orff, para abrir os shows. E na faixa "Fabrika", do álbum Originate, tem um trecho de um coral russo em reverso. Prefiro ter tudo em MIDI.
4) Em 1998, por ocasião do lançamento da compilação Electroad na qual havia duas faixas do Simbolo inclusas, a revista Bizz definiu que teu som “realmente dispensa letras” (no sentido da excelência do instrumental). Com uma temática que trata, especialmente, sobre violência, qual a importância das letras na tua música e porque a escolha do inglês como meio de expressão?
Fiquei sabendo disso agora, não conhecia essa coletânea. Quanto à temática das letras vale deixar claro que não faço apologia à violência. Um exemplo é a faixa "Cease Fire", que contêm mensagem pacifista. Mas gosto desse tema porque é atemporal. Letras na minha música têm dupla função. A primeira é a presença vocal. A voz como instrumento. Muitas faixas não precisam deste ingrediente, mas outras precisam, senão ficam incompletas e sem foco. A segunda função é que a letra traz a narrativa de forma a contar uma história. Com frases soltas, dentro do mesmo tema, cria um panorama visual imaginário, como um filme. Quanto a usar letras em inglês, essa pergunta abre espaço para uma explicação maior. Desde o começo eu imaginava o Simbolo como um projeto com características globais. Tanto é que adotei o nome Simbolo (sem o acento no i) porque é como se escreve em Esperanto. Pois bem, em 1988, sem internet, atingir este objetivo era um caminho muitíssimo mais longo, e cantar em inglês seria o primeiro passo. Hoje não. O caminho quase não existe. Mas as músicas atuais têm letras em outros idiomas, além do português.
"That's Possession", do álbum Le Sacré Du Printemps, lançado em 1992:
5) A EBM sempre teve uma boa relação com as pistas de dança – especialmente no final dos 80 e começo dos 90. Tu já fizeste alguma faixa intencionalmente voltada para a pista?
Até pouco tempo tudo o que eu fazia era para funcionar ao vivo porque era a via que eu tinha para divulgar o trabalho. Atualmente estou reprogramando tudo, ou a grande maioria, para funcionar também na pista.
"Train Forest", do álbum In The Danger Zone, de 1995.
6) Qual é a formação atual do Simbolo e qual o equipamento tu levas pro palco atualmente? Quantos por cento do material é pré-gravado?
A formação atual sou só eu, porque não vejo mais o Simbolo como uma banda. Também parei de tocar ao vivo, pelo menos por enquanto. Mas no passado usava um sintetizador Roland Alpha Juno 1, o sequenciador de baixo Roland TB-303 e a bateria eletrônica Roland TR-707. Depois fui somando com vários módulos E-mu como o Proteus 1 e o Vintage Keys. E ao longo dos anos entraram muitos outros instrumentos, como a bateria eletrônica Alesis SR-16 e os sintetizadores Korg Prophecy, Alesis Ion, Yamaha DX-7 e Yamaha CS6X, entre vários outros. Não uso material pré-gravado, mas tudo é pré-programado. Ao vivo só o vocal e alguma melodia adicional no sintetizador. Uma coisa interessante de se fazer eletronicamente ao vivo é interagir com os sons usando modulações de filtro ou pitch bender, por exemplo. A audiência percebe que tem algo realmente acontecendo e que aquilo não é gravado.
7) O mercado de venda de música eletrônica alternativa é mais ou menos interessante hoje com os sites de streaming e downloads pagos em relação à quando tu começaste, quando os CDs ainda eram a única forma de mídia disponível?
Hoje é muito mais interessante, sem dúvida. Não só pelo alcance global dos sites de música mas por outro aspecto muito importante: não tem atravessador. A internet mudou o destino do artista alternativo, que por ser independente, já começava com um pé no fracasso. Hoje não. Pelo menos em termos de oportunidade, todos são iguais perante a tecnologia.
"We Are The Music":
8) Já tiveste na carreira algum hit cult (em pistas ou rádio) que te surpreendeu? Tens ideia do alcance da tua música fora do Brasil?
Muita coisa me surpreendeu, mas não por causa de um hit específico. Talvez as músicas "K.A.O.S." e "Enforced" tenham causado um impacto maior, mas eu acho que a força do Simbolo está no conjunto da obra, quando o todo é maior do que a soma das partes. E o alcance fora do Brasil é total. Tive até uma oferta para remix de um DJ, na China, só para ficar num exemplo.
"Enforced":
9) Para onde vai a EBM (ou, num contexto mais amplo, a música eletrônica), num cenário pulverizado por milhares de bandas/projetos do gênero? Como é possível soar original e inovador nessa situação?
A EBM é eterna porque seu formato original é simples e elementar: voz, baixo e bateria. A originalidade e inovação virá da forma como se lida com estes três elementos e adicionar outros. Tendo isso em mente, é só não fazer igual aos outros. Parece fácil mas não é. Quanto ao cenário, que hoje pode ser confuso e desfavorável, a solução é trabalhar com objetivos de longo prazo, porque o cenário muda. Noventa por cento do que existia quando o Simbolo começou – gravadoras, lojas de discos, casas noturnas, fanzines, programas de rádio, etc... – já não existe mais, mas estou aí fazendo e muito satisfeito com o atual momento.
10) Top 5: cinco músicas eternas e cinco atuais:
Eternas:
1) "Computer Love", Kraftwerk.
2) "Carmina Burana", Carl Orff.
3) "Sonata No.14: Moonlight”, Beethoven.
4) "Chase", Giorgio Morder.
5) "Oxygene Pt.4", Jean-Michel Jarre.
Atuais:
1) "Expo 2000", Kraftwerk.
2) "Opus Dei", Laibach.
3) "Russians", Sting.
4) "Why This, Why That and Why", Jean-Michel Jarre.
5) "I’m A Man", Black Strobe.
sexta-feira, 9 de setembro de 2016
Sexta Feira Bagaceira: Real McCoy
Você viveu muito bem até agora sem saber disso: boa parte dos rappers de
grupos eurodance alemães eram americanos e ex-militares. Explicação
fácil: como os Estados Unidos ainda mantém várias bases em território
alemão, foi juntar o talento (ou a força de vontade, em alguns casos) de
alguns soldados metidos a rapear nas horas de folga com a crescente
cena dance germânica do final dos 80 e deu naquele
hip-house festeiro que estava em todos os lugares na primeira metade dos
anos 90. Turbo B. (Snap!), Jay Supreme (Culture Beat), B.G. The Prince Of Rap e Captain Hollywood são alguns exemplos desse pessoal que deixou o Tio Sam na mão.
Olaf Jeglitza era uma exceção. O nascimento em Berlim foi apenas um
detalhe geográfico, porque desde moleque O-Jay esteve envolvido com a
cultura hip-hop em seu país: montou o primeiro fanzine sobre o gênero na
Alemanha, integrou grupos de break, produziu programas de rádio e criou
um selo (Freshline Records), até tornar-se produtor e vocalista do MC
Sar & The Real McCoy, em 1989. Teve dois singles com relativa
repercussão local, suficiente para atrair a BMG alemã, encurtar o nome
para Real McCoy e lançar "Another Night", em 1993. Hit mundial. A faixa
entrou no difícil mercado americano, chegou em terceiro lugar no Hot 100
da Billboard e vendeu impressionantes um milhão de cópias só
no território ianque. Com bleeps de sintetizador inspirados em "More and More" (hit do Captain Hollywood Project) e da oitentista "Desire"
(de Roni Griffith), "Another Night" traz o vocal soturno de
O-Jay contrastando com a voz quente da cantora Karin Kasar em versos que
explodem num refrão popíssimo, que não era nada diferente do que Human
League ou Duran Duran faziam anos atrás ("In the night, in my dreams,
I'm in love with you / 'Cause you talk to me like lovers do / I feel
joy, I feel pain, 'cause it's still the same / When the night is gone
I'll be alone..."). Os pianos house e o groove seco e preciso do baixo
mantinham os pés em movimento. O Real McCoy teve mais alguns singles de
sucesso e ainda está na ativa, provavelmente fazendo playback em festas
retrô. Who cares? "Another Night" continua foda.
Real McCoy: hit intergaláctico.
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Sexta Feira Bagaceira: Technotronic
Pra quem tem mais de trinta e não despreza dance music, "Pump Up The Jam" virou uma espécie de marco. Já ouvi coisas do tipo "_ Onde você estava quando ouviu 'Pump Up The Jam' pela primeira vez?" Não é exagero. E eu lembro que em frente à TV numa tarde tediosa de 1990, essa música me fez acordar. A faixa era tema do comercial de uma série de aparelhos de som portáteis da Philips chamada Moving Sound. Em questão de dias, "Pump Up The Jam" estava por toda parte. No rádio, na trilha da novela, nas bancas que vendiam fita K7 pirata e até no Domingão do Faustão.
Idealizado pelo professor de filosofia americano Thomas De Quincey (nome artístico: Jo Bogaert), que se mudou para a Bélgica no final dos anos 80 para tentar carreira como produtor musical, o Technotronic teve suas picaretagens. Essa Felly aí da capa sequer boceja no single: os vocais são da zairense Manuela Kamosi (Ya Kid K, na foto do alto com MC Eric), considerada de fraco apelo visual para os vídeos e apresentações "ao vivo" (leia-se playback) na época. Musicalmente, "Pump Up The Jam" era uma faixa instrumental chamada (dããã) "Technotronic", que por sua vez foi totalmente inspirada em "The Acid Life", de um dos pioneiros da cena house de Chicago, Farley "Jackmaster" Funk. Com a adição dos sintetizadores certeiros de Patrick De Meyer e a letra e os vocais de Ya Kid K, "Pump Up The Jam" foi a primeira faixa de house music a atingir o mainstream em grande escala (número #2 nos EUA e no Reino Unido, sucesso no mundo inteiro). E eu lá, naquele verão de 1990, pulando do sofá e coçando a cabeça: "_ Putz... que som é esse?" Era um divisor de águas, Carlinhos.
"Pump Up The Jam": picaretagem e dígitos acima dos seis zeros.
domingo, 28 de fevereiro de 2016
Captain Hooky
Não é dance, não é eletrônico, mas tem Peter Hook no novo single do duo francês de garage rock The Limiñanas. Já basta pra aparecer aqui no blog. Hooky solta suas palhetadas lânguidas de baixo em meio a na-na-nas viajandões e sininhos psicodélicos - nada muito animador, mas é sempre bom ouvir esse som peculiar das quatro cordas grossas tocadas na altura do joelho pelo ex-baixista do New Order.
sábado, 27 de fevereiro de 2016
DigDigDig
Fora uma barrigada minha, isso parece ser uma música nova dos alemães do Digitalism. "THE_ISM (44 kHZ - WHAT THE F__K U EXPEKT" (a grafia é essa mesma, em caixa alta) apareceu ontem na página do Soundcloud da banda e olha, é foda demais. Entre techno e hip-hop digital, finalmente uma faixa que presta do duo de Hamburgo - que tava devendo faz tempo.
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
À Imagem e Semelhança
DJ, músico e produtor de Londres, Jamie Paton debutou no meio de 2013 com o EP Bizarre Feeling: uma dance meio retrô, mas sem sabor de coisa requentada. É possível? É. Trata-se de um mix de house, synthpop e new wave com bom uso de referências do passado e um verniz eletrônico que deixa tudo com cheiro de atemporalidade e não de mofo. Saca o baixo monocórdico, os synths nos lugares certos e os vocais sonolentos de "To The Light":
"Ju Know" não fica atrás. Do arpejo hipnótico no segundo plano à percussão em camadas até o baixo mutante da TB-303, são sete minutos e meio de viagem meio new beat meio italo-disco.
A melhor do pacote é a faixa título, sem dúvida. Se me dissessem que é uma faixa inédita do New Order gravada em 1982 e encontrada num tape de rolo numa gaveta do porão do estúdio do Arthur Baker, eu acreditaria.
"Ju Know" não fica atrás. Do arpejo hipnótico no segundo plano à percussão em camadas até o baixo mutante da TB-303, são sete minutos e meio de viagem meio new beat meio italo-disco.
A melhor do pacote é a faixa título, sem dúvida. Se me dissessem que é uma faixa inédita do New Order gravada em 1982 e encontrada num tape de rolo numa gaveta do porão do estúdio do Arthur Baker, eu acreditaria.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
Sexta Feira Bagaceira: Will Smith
Você deve saber disso, mas Willard Carroll Smith, Jr. - musicalmente - não fez o caminho inverso, ou seja, não começou atuando e "virou" rapper. Smith era o MC do duo DJ Jazzy Jeff & The Fresh Prince, que lançou os primeiros singles lá no meio dos 80. De sucesso mediano (o maior hit foi "Summertime", de 1991), Smith enveredou pela televisão (atuou em várias séries, entre elas The Fresh Prince of Bel-air, aqui no Brasil, Um Maluco no Pedaço), até chegar ao cinema, em 1992. Já em 95, tem o primeiro gostinho do estrelato com Bad Boys e estoura a banca com o blockbuster Independence Day, de 96. Em 1997 - na carona de outro sucesso no cinema, Man In Black - Smith retorna aos vocais falados e grava seu primeiro álbum solo, Big Willie Style. Rap festeiro, dançante, galhofeiro e descompromissado, o álbum vendeu mais de 10 milhões de cópias mundo afora, rendeu ótimos singles e uma batelada de samples de disco e funk de boa cepa. Meus preferidos são "Miami" (com empréstimo de "And The Beat Goes On", do Whispers), o tema de Man In Black (chupando "Forget Me Nots", da incrível Patrice Rushen) e a irresistível "Gettin' Jiggy Wit It" (com sample de "He's The Greatest Dancer", do Sister Sledge). O rap já foi bem mais divertido.
"Miami":
"Gettin' Jiggy Wit It":
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Dancehall In Control
Depois do promissor álbum de estreia Body Music (2013), a dupla inglesa AlunaGeorge lançou três singles (o último, "Automatic", em conjunto com o produtor Zhu, é do ano passado e também uma das melhores faixas de 2015). Uma prévia do disco novo que sai ainda este ano é "I'm In Control", single lançado hoje, com participação do cantor jamaicano Popcaan. A faixa prova a incrível regularidade do duo e o talento pra continuar jogando no mercado bom material. É um dancehall que, espero, faça muito mais gente prestar atenção no gênero, que há tempos anda sumido dos holofotes.
"I'm In Control": Londres encontra Kingston.
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Disco Estúpida
No jogo desde 2012, o produtor holandês Oliver Heldens emplacou um número um no paradão inglês já de cara: "Gecko (Overdrive)" (2014) é uma recauchutada no seu bom single de estreia lançado meses antes, mas desta vez com vocais da britânica Becky Hill (só 21 anos e um fole vocal de respeito). Alguns singles depois (com parcerias que incluem Zeds Dead e Tiësto), mais remixes pra nomes como Robin Thicke ("Feel Good"), Disclosure ("Latch"), Coldplay ("A Sky Full of Stars") e Calvin Harris ("Outside") e Heldens junta-se ao jovem produtor australiano Throttle pra cometer "Waiting", agora no comecinho de 2016. É uma faixa de house grudenta e irresistível, do tipo que Junior Jack entregava no começo dos 2000: refrão-gancho, riff chiclete e breaks estratégicos. Guitarrinhas funkeadas e uma certa perfumaria disco permeiam a canção, que é ordinária e ótima, assim, ao mesmo tempo.
"Waiting": no topo do Top 100 do Beatport.
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
As 69 Músicas de 2015 (Parte 3: 23 - 01)
Parte três: topo da lista.
23) "Echoes In Rain" > Enya
22) "There Is Pop" > Ricardo Tobar
21) "Lights" > Hurts
20) "Hourglass" > Disclosure feat. Lion Babe
19) "Frail" > Crystal Castles
18) "Surf I" > Zomby
17) "Heart Hides" > ASCIO feat. San Mei
16) "4 Floors Of Whores" > Tzusing
15) "Somos Dos" > Bomba Estéreo
14) "Oino" : LA Priest
13) "Jack Be Nimble" > James Curd
12) "Castle In The Snow" > The Avener & Kadebostany
11) "Hotline Bling" > Drake
10) "Forgotten Truths" > Artificial Intelligence FT. Steo
09) "Animals" > Du Tonc
08) "Cryptoporticus" (Cloudy Mix) > I:Cube
07) "Academic" > New Order
06) "XTC" > DJ Koze
05) "Volta Cobby" > Robag Wruhme
04) "In Your Heaven" > Sam Sparro
03) "Lady's In Trouble With The Law" > LA Priest
02) "All My Love" > Schwarz Dont Crack
01) "SSUFFIK8TRR" > West Nile
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
As 69 Músicas de 2015 (Parte 2: 46 - 24)
Parte dois, bora.
46) "Ooo La La To Panama" > Happy Mondays & Embera
45) "Rude Boy (Love Disco Love)" > Los Gatos Escobar feat. AK
44) "Is Everything Ok?" > Felix Da Housecat
43) "Whole Lot Of Love" > Duffy
42) "Restless" > New Order
41) "Taps Aff For Glasgow" > Move D feat Gerd Janson
40) "Automatic" > Zhu feat. AlunaGeorge
39) "Give Me A Reason" > Todd Terry & Robin S
38) "Coffee" > Miguel
37) "Can't Feel My Face" > The Weeknd
36) "Hashtag My Ass" > Etienne de Crécy
35) "Medicine" > Maxxi Soundsystem feat. Name One
34) "Give It Up" > Jimmy Napes
33) "Page One Is Love" > Aeroplane
32) "Déjà Vu" > Giorgio Moroder feat. Sia
31) "Apart In Love" > Roisto
30) "Girl" > The Internet Feat. Kaytranada
29) "Come Home Baby" > The Charlatans
28) "Self Control" > Kate Boy
27) "Rat Is Dead" > Adriano Cintra feat. Subburbia
26) "Eyes" > Vintage Culture
25) "Don't Wanna Fight" > Alabama Shakes
24) "Spectre" > Radiohead
As 69 Músicas de 2015 (Parte 1: 69 - 47)
Sem nenhuma conotação sexual: chegar justo nesse número foi resultado de uma peneira que começou em Janeiro desse ano e, corta daqui, reavalia dali, posiciona acolá, finalizei a lista em 69 faixas. Ao contrário dos posts sobre os álbuns, aqui temos ordem de preferência. Não custa lembrar que só entram músicas na praia da dance music/groove/eletrônica. Também divido as melhores músicas de 2015 em três partes, pra não judiar do seu browser aí.
69) "Leo" > Gary Beck
68) "Wunder" > Mighty Mouse
67) "Son Of A Gun" > Mansur
66) "New Sun Spots" > Dimi Angelis
65) "Rolling Stone" > Hurts
64) "King" > Years & Years
63) "Difficult To Kill" > Torul
62) "Go Away" > Todd Terry Ft. Martyna Baker
61) "Dream Of The Life" > Malachi
60) "Northern Lights" > Kate Boy
59) "Colours" > Horixon feat. Else Born
58) "Palindrome 1" > Homework
57) "Shine On You" > Satin Jackets feat. Esser
56) "Holding On" > Disclosure ft. Gregory Porter
55) "Fell In The Sun" > Big Grams
54) "Walk Away" > Bedouin
53) "Revolve-Her" > Alix Perez
52) "Watch Me" > Silentó
51) "My Mind's Made Up" > Kraak & Smaak feat. Berenice
50) "Floripa" > Isolée
49) "Last Day On Earth" > Beborn Beton
48) "Don't Sing" > Data feat. Benny Sings
47) "Elevation" > Para One
Melhores do Ano - Álbuns (Parte 3)
Terceira e última parte: os últimos cinco álbuns dos meus favoritos de 2015, sem ordem de preferência.
Model 500 - Digital Solutions
New Order - Music Complete
Quest - Future Of House Music
Squarepusher - Damogen Furies
Tapes - No Broken Hearts On This Factory Floor
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